Riad – A empresa petrolífera saudita Saudi Aramco anunciou nesta segunda-feira (7) que obteve lucros de US$ 30,08 bilhões no segundo trimestre, uma queda acentuada em relação ao mesmo período do ano passado, quando os preços do petróleo subiram após a invasão da Ucrânia pela Rússia.
A redução de 38% em relação ao ano anterior “refletiu principalmente o impacto dos preços mais baixos do barril de petróleo e o enfraquecimento das margens de refino e produtos químicos”, disse a empresa de controle estatal em fato relevante divulgado na bolsa de valores saudita, Tadawul.
A queda ocorreu após um recuo de 19,25% no lucro líquido do primeiro trimestre.
O CEO da Aramco, Amin Nasser, disse em outro comunicado que “nossos resultados fortes refletem nossa resiliência e capacidade de adaptação aos ciclos do mercado”.
A “perspectiva de médio a longo prazo [da empresa] permanece inalterada”, acrescentou.
A produção do maior exportador de petróleo do mundo caiu depois que Riad anunciou em abril cortes de 500 mil barris por dia, parte de um movimento coordenado com outras potências petrolíferas para reduzir a oferta em mais de um milhão de barris por dia em uma tentativa de sustentar os preços.
Em junho, o Ministério da Energia saudita anunciou um novo corte voluntário de um milhão de barris por dia, que entrou em vigor em julho e foi prorrogado até setembro.
A produção diária agora está em aproximadamente nove milhões de barris por dia, muito abaixo da capacidade diária relatada de 12 milhões.
A Saudi Aramco é a principal fonte de receita do amplo programa de reformas econômicas e sociais do príncipe saudita Mohammed bin Salman, o Visão 2030, que visa diversificar a economia além dos combustíveis fósseis.
Analistas dizem que os sauditas precisam que o preço do petróleo esteja em torno de US$ 80 o barril para equilibrar seu orçamento. Os preços já estão acima desse patamar, um sinal de que os recentes cortes na oferta começam a surtir o efeito desejado.
Os contratos futuros do barril de petróleo West Texas Intermediate (WTI), de referência nos Estados Unidos, foram negociados na segunda-feira a US$ 82,54 para setembro e os do barril Brent, de referência na Europa, ficaram um pouco abaixo de US$ 86.
Após a invasão da Ucrânia pela Rússia em fevereiro de 2022, o petróleo atingiu um pico de mais de US$ 130 por barril.
Cifras extraordinárias
Os cortes “mostram o que a Arábia Saudita pode fazer para defender os preços do petróleo, já que a queda do mercado de sua commodity vital está prejudicando seus esforços de diversificação econômica”, disse Herman Wang, diretor associado de notícias de petróleo da S&P Global Commodity Insights.
A Aramco está realizando investimentos para aumentar a capacidade de produção nacional para 13 milhões de barris por dia até 2027.
“É uma proposta cara para a Aramco conter a capacidade de produção para respeitar os cortes da OPEP+, mas a esperança é que o sacrifício agora compense no final com preços mais altos”, disse Wang, referindo-se à Organização dos Países Exportadores de Petróleo e outros dez estados produtores aliados, liderada por Riad e Moscou.
A Aramco registrou lucros recordes, totalizando US$ 161,1 bilhões no ano passado, permitindo que a Arábia Saudita alcançasse seu primeiro superávit orçamentário anual em quase uma década.
No entanto, esses “foram números excepcionais impulsionados por um conjunto específico de fatores geopolíticos, e os líderes da Arábia Saudita não deveriam prever o orçamento do Visão 2030 baseados nesses resultados”, disse Jamie Ingram, editor sênior do boletim cipriota Middle East Economic Survey (MEES).
“É claro que receitas elevadas seriam bem recebidas pelas autoridades, mas a Arábia Saudita ainda tem níveis de dívida muito baixos e robustas reservas que podem ser utilizadas”, acrescentou Ingram.
Nasser disse à imprensa que a demanda global “deve crescer cerca de 2,4 milhões de barris [por dia] no terceiro trimestre de 2023 em comparação com o mesmo período do ano passado”, um aumento liderado principalmente pela China, onde a demanda tem sido “maior que o esperado”.
A Arábia Saudita controla 90% das ações da Saudi Aramco.
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Traduzido por Elúsio Brasileiro