São Paulo – Em seu discurso de abertura na 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, realizado na manhã desta terça-feira (23) na sede da ONU, em Nova York, nos Estados Unidos, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, defendeu o multilateralismo em um mundo cada vez mais multipolar e disse que o Brasil confere “crescente importância” a órgãos que são exemplos do multilateralismo. Citou, entre eles, União Europeia, União Africana, G20, Comunidade dos Estados Latino-americanos e Caribenhos (Celac), Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean), e Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos, Irã, Indonésia e Arábia Saudita.
Lula disse que há um “evidente paralelo” entre a crise do multilateralismo e o enfraquecimento da democracia, citando decisões unilaterais de líderes mundiais e a falta de diálogo em questões de interesse comum. Citou, por exemplo, o retrocesso no sistema internacional de comércio e afirmou que é urgente refundar a Organização Mundial do Comércio (OMC) em bases modernas e flexíveis. Diversos produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos, como aço e café, sofreram um aumento de 50% por decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Em um discurso em que defendeu a democracia e a soberania brasileiras, que são “inegociáveis”, Lula também falou de meio ambiente. Afirmou que, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), que será realizada em Belém, no Pará, em novembro, o mundo terá a oportunidade de conhecer a realidade da Amazônia e disse que a urgência climática exige que se passe da fase de negociações [sobre o que fazer para conter o aquecimento global] para a fase de implantação das medidas.
Lula defendeu a reforma das Nações Unidas e do Conselho de Segurança, uma demanda que ele já apresentou em outras participações na Assembleia Geral, e advogou em favor dos países em desenvolvimento: “A voz do Sul Global precisa ser ouvida”, afirmou o presidente brasileiro.
Condenou os ataques do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023 e afirmou que o que ocorre hoje em Gaza é um “massacre” e que ali a fome é utilizada como “arma de guerra”.
“Nenhuma situação é mais emblemática do que o uso desproporcional da força na Palestina. Os atentados perpetrados pelo Hamas são indefensáveis, sob qualquer ângulo, mas nada, absolutamente nada justifica o genocídio em curso em Gaza”, afirmou. Nos últimos dias, países como Austrália, França, Canadá, Reino Unido e Portugal reconheceram o Estado Palestino.
Lula lamentou que, em um momento tão importante para os palestino, o presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) Mahmoud Abbas e sua delegação tiveram seus vistos para entrar nos Estados Unidos revogados. A Assembleia Geral das Nações Unidas é realizada na sede da instituição, em Nova York.
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