Rio de Janeiro – O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou neste sábado (5), na abertura do Brics Business Forum, no Rio de Janeiro, que é papel dos países emergentes, entre os quais aqueles que compõem o bloco, defender o comércio multilateral e reformar a arquitetura financeira global. A uma plateia de empresários, Lula afirmou que os empreendedores “compreendem o eixo dinâmico da economia global” e comentou que o Brics corresponde a 40% do Produto Interno Bruto global, além de apresentar crescimento econômico superior à média global.
“Toda vez que os presidentes das repúblicas resolvem fazer um evento internacional, é importante que seja compartilhado, com este sentimento, um outro sentimento com a sociedade, tanto civil como setores empresariais. No fundo, nós presidentes abrimos a porta, mas quem sabe fazer negócios são empresários”, disse, ao lado do primeiro-ministro da Malásia, Anwar bin Ibrahim.
Brics é o grupo de países emergentes inicialmente formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul e, posteriormente, ampliado com a presença de Emirados Árabes Unidos, Egito, Irã, Arábia Saudita, Indonésia e Etiópia. No domingo (6) e na segunda-feira (7), o grupo tem encontro de cúpula sob a presidência brasileira no Rio de Janeiro, porém, com ausências de chefes de estado como o presidente chinês Xi Jinping. A Malásia foi convidada para o encontro.

No decorrer do seu discurso, Lula apresentou uma série de desafios, como a desigualdade, a descarbonização e os conflitos, a necessidade de maior participação das mulheres no empreendedorismo e no mercado de trabalho e o fim de conflitos, que, disse, impedem que se encontre a prosperidade. Sobre papel do encontro de cúpula, disse: “Ao invés de barreiras encontraremos soluções”.
O Brics Business Forum é organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) instituição coordenadora do Conselho Empresarial do Brics e da Women’s Business Alliance, que são grupos de engajamento do setor privado nos países integrantes do Brics. O encontro antecede a cúpula e é formado por painéis sobre comércio, segurança alimentar, transição energética, descarbonização, desenvolvimento de habilidades e economia digital e financiamento e inclusão financeira.
Vice-presidente do Brasil e Ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin também discursou na abertura do evento e apresentou dados e conquistas do País à frente da liderança na produção e exportação de alimentos e na transição energética, citando que mais de 80% da energia gerada no Brasil é procedente de fontes renováveis.
A importância do comércio para os árabes
Os Emirados Árabes Unidos foram representados pelo Ministro do Comércio Exterior, Thani bin Ahmed Al Zeyoudi. Também dos Emirados, o CEO & Chairman da empresa de logística DP World, Ahmed bin Sulayem, apresentou a palestra Global Logistics Platform e participou de um painel sobre comércio e segurança alimentar.
Zeyoudi afirmou, em sua palestra no encontro, que, para os Emirados, “fazer parte do Brics ressalta nossa crença num ambiente econômico de crescimento e prosperidade” e citou dados que mostram a importância do grupo para a economia do país, como exportações não petrolíferas que neste ano ultrapassam US$ 68 bilhões. “Isso [a troca comercial] abre acesso a mercados para exportadores e leva investimentos a setores essenciais, o que demonstra não apenas como economias estão integradas, mas parceria de comércio e investimentos no longo prazo”, disse.
Chairman & CEO da DP World, empresa que é uma das patrocinadoras do fórum, Sulayem apresentou a plataforma global de logística, uma iniciativa pelos Emirados no Brics em dezembro de 2024 para desenvolver corredores de comércio e ampliar a resiliência das exportações e importações entre países do Brics e outras nações emergentes. Ele afirmou que a empresa já fez mais de R$ 5 bilhões em investimentos no Brasil e está ampliando suas operações no Porto de Santos, como um exemplo de seu compromisso com o Brasil, um dos países do Brics.
“Os Emirados Árabes Unidos se tornaram um portão fundamental para facilitar o comércio e a cooperação entre fronteiras. Acreditamos que juntos, os países do Brics podem aproveitar oportunidades econômicas e criar desenvolvimento sustentável, pois o comércio global está evoluindo”, afirmou.
Representantes de Egito e Arábia Saudita também estiveram presentes no encontro, que contou também com a presença do secretário-geral e vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Mohamad Mourad, da vice-presidente de Marketing, Silvia Antibas, do diretor-tesoureiro, Mohamad Abdouni Neto e da analista sênior de Relações Institucionais, Elaine Prates.


