São Paulo – As marcas brasileiras têm design diferenciado, inovador e capaz de conquistar clientes no mundo todo, mas precisam estar mais presentes em eventos internacionais para serem reconhecidas. Além disso, promover a colaboração entre marcas e empresas pode ser uma forma de estar mais presente na vida dos consumidores. Essas foram duas das conclusões apresentadas no painel “Marketing de experiências de luxo”, na segunda edição do Meeting ESPM de Luxo. O encontro foi organizado pelo hub de Moda e Luxo da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), na noite de quinta-feira (17), em São Paulo (na imagem acima, as participantes do painel).
A gerente-executiva da Associação Brasileira dos Estilistas (Abest), Aurea Yamashita, afirmou no encontro que os produtos brasileiros têm seus conceitos, designs e soluções inovadoras reconhecidos no exterior, mas as marcas brasileiras do setor ainda precisam estar mais presentes em eventos globais e apostar no acabamento das peças e qualidade dos materiais.
“Marcas precisam ser vistas para ser lembradas. É preciso ir a feiras, tem que participar de eventos lá fora porque os assistentes das grandes marcas sempre estão nos eventos, olham o que está sendo produzido. Também é preciso capacitar mais os profissionais, investir na qualidade do material”, disse Aurea. A Abest tem um projeto de internacionalização em parceria com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), o Fashion Label Brasil, por meio do qual promove as empresas do setor no exterior. “O próprio governo brasileiro nos chamava para diversas ações deles porque moda atrai, moda mexe com a parte emocional das pessoas”, disse.
A diretora de Marketing e Conteúdo da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Silvana Gomes, afirmou que outra iniciativa é fundamental para uma marca estar presente na sociedade: colaboração, ou “collabs”, entre empresas e marcas: “Compartilhar valores entre companhias que compartilham de culturas organizacionais similares. Entre os árabes, o relacionamento, o familiar, a origem são muito importantes. As collabs que deram certo vieram de empresas com culturas organizacionais que se conversam”, disse durante o painel mediado pela professora Katherine Sresnewsky.
Negócios com os árabes
Silvana observou também que o esmero nas ações, nos gestos e cerimoniais é fundamental para estabelecer conexões duradouras com clientes árabes. “Na Câmara, temos um cuidado muito grande com a identidade de marca, nossa sede tem elementos que remetem às culturas árabes, buscamos apresentar a música árabe contemporânea em eventos com som ambiente, não usamos nada que remeta à prata, e, sim, ao ouro, porque todo mundo espera o luxo dos árabes e nós somos dourados, não somos prateados”, exemplificou.
Com ampla experiência em realizar negócios no mundo árabe, a empresária Julia de Biase apresentou sua história na relação com os árabes. Depois de uma viagem a passeio pelos países árabes, em 2009, ela se encantou pela fragrância dos perfumes locais e decidiu não apenas importá-los ao Brasil, mas representar uma das maiores empresas locais de perfumes na América, a Asgharali.
Após tentativas e entraves burocráticos, ela começou a trazer os perfumes da empresa do Bahrein para o Brasil em 2013. Hoje, é também representante da marca de tâmaras local Date Crown e fundadora e CEO da Al Ward, que comercializa produtos árabes no Brasil. A Al Ward conta também com um café e uma loja com produtos do Oriente Médio e Norte da África no Jardim Paulista, em São Paulo. “Para os árabes fazerem negócio, eles querem te conhecer, saber da sua vida, almoçar, jantar com você. Só depois é que irão concretizar o negócio, falar de comércio”, diz Julia sobre seu aprendizado com fornecedores e clientes do Oriente Médio e do Norte da África.