São Paulo – Alimentos industrializados como mel, geleias, compotas e doces devem ter demandas crescendo no Egito a uma taxa de 12% ao ano até 2026, segundo João Ulisses Rabelo Pimenta, coordenador de Análise de Mercado na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). “O consumo de mel nesse mercado eu destacaria”, acrescentou Pimenta, durante o evento virtual “Relações Brasil – Egito: Oportunidades para alimentos industrializados no mercado egípcio”, nesta terça-feira (13).
A informação de Pimenta confirmou a fala de Osmar Chohfi, presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, que abriu o evento, e havia chamado a atenção para os produtos mais demandados pelos egípcios. “Os dados revelam que, os cinco principais tipos de alimentos mais consumidos pela população egípcia foram confeitaria e lanches (US$ 38,62 bilhões), pães e cereais (US$ 33,47 bilhões), carnes (US$ 26,79 bilhões), laticínios e ovos (US$ 23,61 bilhões), e vegetais (US$ 20,89 bilhões). Há, assim, oportunidades que podem ser aproveitadas pelos exportadores brasileiros”, destacou Chohfi.
Outro produto que aparece no mapa de oportunidades ApexBrasil foi o suco de frutas. “Bebidas não alcoólicas são privilegiadíssimas no mercado árabe como um todo. E devem crescer internamente no varejo”, afirmou Pimenta.
Além do coordenador, também estiveram presentes executivos como Tamer Mansour, secretário-geral e CEO da Câmara Árabe, que moderou a mesa redonda ‘Fazendo Negócios com Egito – Oportunidades para o setor brasileiro de alimentos e bebidas’. “Eu acredito que o Egito possa sim ser um ponto de reexportação dos produtos da Abia também para a África e para a região egípcia, e por que não, para a região europeia uma vez que Egito tem bastante acordos comerciais”, disse Mansour.
Para Luiz Tavares, coordenador do Grupo de Trabalho de Comércio Exterior da Abia e Executivo de Relações Internacionais da companhia BRF, a participação do Brasil em eventos no Egito, como a COP 27, será importante para discutir temas sustentáveis e melhorias da produção sustentáveis de alimentos. “Estamos cada vez mais preparados para atender ao mercado egípcio, e todos aqueles que queiram consumir alimentos de grande qualidade, feitos a partir de matriz sustentável. Nós, como Abia, seguimos a postos para colaborar com as autoridades egípcias e as empresas brasileiras”, destacou ele.
Marcella Chompré, supervisora de Execução Comercial na Cargill, contou sobre os passos que a empresa está dando para entrar no Egito com produtos industrializados. “O Egito é um dos 125 países em que temos clientes. Operamos com grãos e commodities e estamos começando as exportações de produtos alimentícios. Esse produto será focado em pectina, produto usado em confeitaria, porque é um espessante, emulsificante, justamente um dos produtos que os egípcios mais consomem”, explicou a executiva, frisando que entre os desafios da companhia estão a emissão de documentos e a adequação a normas do país.
João Dornellas, presidente executivo da Abia, frisou a importância do mercado egípcio, até por conta da perspectiva de crescimento econômico da nação árabe. “O Egito para nós é um dos grandes parceiros. É uma das principais economias do mundo. De acordo com o Fundo Monetário Internacional, a projeção estava situada em 5,9% para o ano de 2022 e 4,8% para 2023, bem acima do crescimento projetado para a economia mundial”, disse, sobre as expectativas de alta do Produto Interno Bruto (PIB) egípcio.
Também presente no evento, Nashwa Bakr, cônsul comercial do Egito em São Paulo, lembrou o impacto gerado pelo acordo de livre-comércio entre o país árabe o Mercosul. “Especialmente com o Brasil, que é nosso parceiro ‘premium’”, destacou ela. O webinar foi organizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira e a Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia). O evento também contou com um painel sobre o ambiente regulatório e de negócios, reunindo outros executivos do setor.
Leia mais sobre o evento na reportagem Conheça regulações do Egito que impactam exportação