São Paulo – O mercado editorial do Egito movimenta 3 bilhões de libras egípcias por ano e, juntamente com a economia do país, vem se recuperando. O valor equivale a US$ 189,4 milhões pela conversão atual. A informação foi dada pelo chefe da Associação de Editores Egípcios (EPA, na sigla em inglês), Saeed Abdu, ao site do jornal Al Ahram. Abdu é também presidente da editora egípcia Dar Al-Maref.
Dados da EPA indicam que há cerca de 1.500 editores e 500 editoras no Egito. De acordo com Abdu, mais de 90% dos livros produzidos no Egito são oriundos da iniciativa privada, que domina a indústria editorial egípcia. A Feira Internacional do Livro do Cairo (foto acima) é uma plataforma importante para o setor, segundo a reportagem do Al Ahram. A edição de 2020 da feira começou no dia 22 de janeiro e vai até a próxima terça-feira (04).
Desde a flutuação da libra egípcia, no final de 2016, a indústria editorial do Egito sofreu significativamente, já que as gráficas sempre foram muito dependentes da importação, segundo a Câmara de Impressão da Federação das Indústrias Egípcias (IDE). Em 2017, 60 editoras deixaram o mercado, com aumento de custos e do preço das publicações, e impossibilidade dos consumidores de arcar com a alta. Após o início da recuperação da economia egípcia e o melhor desempenho da libra egípcia frente ao dólar, porém, o segmento também melhorou.
Um desafio da indústria editorial foi a ausência de um banco de dados monitorando os investimentos, o volume de vendas ou mesmo as informações básicas do setor, como o número de editores e editoras autorizados no mercado e sua participação na comercialização de livros no Egito. A EPA fez esforços significativos para reunir esses dados, para estar alinhada com os países ao redor do mundo, de acordo com Abdu.
O setor começou a se recuperar ao final de 2018, mesmo período em que os índices macroeconômicos do Egito passaram a melhorar. As editoras deixaram de ver bons mercados em países próximos como Líbia, Síria, Iêmen e Iraque, em função dos conflitos que esses enfrentaram, e os substituíram por Emirados, Marrocos e Arábia Saudita. Os primeiros absorveram mais da metade das exportações editoriais egípcias por décadas, segundo o Al Ahram.
Uma pesquisa feita pelo Al Ahram Online na Feira Internacional do Livro do Cairo descobriu que um livro de tamanho padrão custa entre 50 a 60 libras egípcias no país (US$ 3,1 a US$ 3,7 pela conversão atual), enquanto um livro maior varia de 80 a 120 libras egípcias (US$ 5 a US$ 7,5). A publicação digital tem sido uma saída frente aos desafios da impressão tradicional. O segmento digital, entretanto, representa apenas 2% do mercado no mundo árabe, segundo o CEO e fundador da Kotobna, plataforma de publicação digital sob demanda do Egito, Mohamed Gamal.