São Paulo – É preciso trabalhar para fortificar o conceito de que a certificação halal é um diferencial em exportações não apenas para o mundo islâmico. A ideia foi defendida por representantes de certificadoras halal brasileiras nesta quarta-feira (10) no webinar “Mercado Global Halal: tendências, regulamentação e oportunidades”, promovido pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira. O evento virtual, que teve cerca de mil ouvintes, trouxe ao debate Ali Saifi, presidente da CDIAL Halal; Mohamed Zohgbi (foto acima), presidente da Fambras Halal; Nasser Khazraji, diretor comercial da Alimentos Halal; e Chaiboun Darwiche, presidente da Siil Halal.
Zohgbi destacou que desenvolver pesquisas para novos setores é um dos primeiros passos para expandir a cadeia halal. “O Brasil tem destaque na proteína animal, mas não podemos esquecer que os outros segmentos estão crescendo. É uma questão de tempo, estamos trabalhando para que esses segmentos se estruturem”, afirmou, lembrando que é preciso um trabalho técnico de pesquisa de mercado, e análises para cada produto.
“Muitas empresas estão aptas. O crescimento é notório e o custo podemos dizer que é irrisório, mas exige muito trabalho e empenho das empresas. Tem que ser transparente, fazer um estudo de mercado. Não há sombra de dúvidas que esse selo traz muitos benefícios. Mesmo em mercados não islâmicos, as pessoas estão optando por produto halal porque é de boa qualidade”, lembrou Zohgbi.
O executivo relatou o desejo de ter uma entidade acreditadora de certificadoras no Brasil. “O halal é uma política de estado e temos que nos atentar a isso. Estamos fazendo um trabalho de excelência. Naturalmente, devemos entrar na era tecnológica e utilizar os mecanismos que hoje nos são facilitados. A certificação não pode ser um empecilho, tem que auxiliar nas exportações brasileiras. Para tanto, tentamos fazer o máximo para que os valores sejam facilitadores”, afirmou.
A necessidade de olhar para a certificação como um canal para a exportação é também no que acredita Ali Saifi, presidente da CDIAL Halal. “A palavra halal deve ser esquecida como barreira. As empresas devem ver como uma oportunidade de negócio. O selo halal traz possibilidade e abertura de mercado”, declarou.
Para ele, o processo de certificação é simples, mas requer que a empresa tenha processos claros e documentados. “As acreditadoras passaram a ter novas categorias e exigências. A certificação caminha para que todo o procedimento seja bem controlado e analisado”, afirmou ele, lembrando que é preciso empenho para acompanhar essas mudanças. “Onde falhamos? Precisamos ver para onde o mercado está indo em exigência. Ano passado, eu disse que haveria exigências a mais. Algumas empresas não quiseram, e o resultado? Começaram a exigir certificação de armazém. Então, o Brasil precisa estar sempre um passo à frente”, afirmou.
Por outro lado, o diretor comercial da Alimentos Halal, Khazraji, vê o momento de pandemia como decisivo para que setores pensem como atrair o público muçulmano. “Existem muito mais setores, como o farmacêutico, muito pouco explorados. No momento tudo isso está meio parado, mas ao que tudo indica, esperamos que quando a pandemia passar tudo possa ser retomado. Até com uma força maior”, afirmou o diretor comercial da Alimentos Halal, que acredita em crescimento nos próximos meses para os segmentos do halal.
Darwiche afirma que o certificado carrega consigo a marca da excelência em cada processo da produção ou realização de um serviço. “Quando vai selo halal na embalagem significa qualidade, segurança”, declarou o presidente da Siil Halal.
Questionados pelo presidente administrativo da Câmara Árabe, Mohamad Orra Mourad, sobre a agregação de valor que o certificado traz às empresas, Ali Saif foi enfático. “Com a certificação halal uma empresa tem crescimento. Para exemplos disso basta ver como estavam as indústrias de proteína animal antes desse mercado e como estão depois. Um crescimento com curva excepcional. Talvez metade dos empregos da indústria sejam oriundos do mercado islâmico, e 50% da proteína animal brasileira tem certificação halal”, destacou.
Para o diretor comercial da Alimentos Halal, Nasser Khazraji, a certificação é um investimento sólido, porém de longo prazo. “Muitas empresas têm receio de entrar porque visam benefício imediato. É importante que, dependendo de onde atuam, elas façam esse estudo de mercado e uma estimativa de benefícios. O investimento no halal não é grande, existem leis e documentos que precisam ser analisados, mas isso faz parte de qualquer regulamentação. O empresário brasileiro precisa ter um pouco de paciência no que diz respeito aos benefícios que podem ser imediatos ou em longo prazo”, analisou.
O presidente da Câmara Árabe, Rubens Hanun, lembrou que o halal é o futuro do mercado. “Acredito muito que o consumidor, seja islâmico ou não, se tiver dois produtos na mão, um com selo halal e outro produto sem, vai optar pelo selo. Temos esse desafio de mostrar isso para nossas empresas, capacitar os trabalhadores e tudo isso vimos que é possível”, disse.
O evento teve também a presença do cofundador e sócio-gerente do Prime Group, Mohamed M. Saleh Badri; do gerente da Halal Trade and Marketing Centre (HTMC), Tomas Guerrero; do secretário da Sociedade Jordaniana de Agricultura Orgânica (JSOF), Ibrahim Abu- Helil; da diretora-geral da Dubai Airport Free Zone (Dafza), Amna Lootah, além do secretário-geral da Câmara Árabe, Tamer Mansour.
Para assistir o conteúdo completo do webinar, acesse o canal da Câmara Árabe no Youtube.
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