São Paulo – O Brasil é produtor de morango, mas também um grande importador da fruta, sobretudo congelada e para uso industrial. De acordo com dados do Ministério da Economia, entre janeiro e agosto deste ano o maior fornecedor de morangos congelados ao Brasil foi o Egito, com remessas que somaram 1,47 mil toneladas. No mesmo período de 2020, o Brasil comprou 1,03 mil toneladas do Egito, quantidade que foi de 288 toneladas nos oito primeiros meses de 2019. Tal crescimento leva o país árabe a ser, até agosto, o principal fornecedor de morangos. Na foto acima, venda de morango no Mercado Municipal de São Paulo.
Outro país do Norte da África que fornece morangos congelados ao Brasil é o Marrocos: foram compradas 384 toneladas de morangos congelados, cozidos ou não cozidos entre janeiro e agosto de 2019, quantidade que caiu para 98 toneladas no mesmo período de 2020 e voltou a crescer para 142 toneladas até agosto deste ano.
A maior parte da produção brasileira de morangos é destinada ao consumo interno e in natura. Quando se trata de morangos para a fabricação de outros alimentos, os fornecedores são majoritariamente internacionais. O Brasil também é exportador de morangos. Entre janeiro e agosto de 2021, o principal comprador do Brasil foi o Japão, com importações que somaram 8,2 toneladas, seguido por Uruguai, Paraguai e Argentina.
De acordo com o pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Clima Temperado, localizada em Pelotas, no Rio Grande do Sul, Luís Eduardo Corrêa Antunes, o Brasil tem uma área de aproximadamente 5,7 mil hectares dedicados ao cultivo do morango. Essas lavouras estão distribuídas principalmente no Sul de Minas Gerais, em São Paulo e no Rio Grande do Sul.
Fora do solo
O plantio é feito, sobretudo, por duas técnicas: convencional, com as plantas na terra, e fora do solo, em que as mudas são plantadas sobre estruturas de madeira e com menos uso de pesticida. Antunes explica que o morango, por muitos anos, teve sua imagem associada a um uso excessivo de agrotóxico, o que afastou o consumidor. Nos últimos anos, porém, o avanço tecnológico aliado a políticas públicas e certificação de produtores levaram a uma mudança na produção e na percepção dos consumidores.
Outras medidas adotadas por empresas e poder público fizeram crescer a produção no Brasil, mas ainda aquém do seu potencial. Entre essas medidas estão o melhoramento das mudas, o aumento da área cultivada e a adoção do sistema fora do solo, que permite utilizar uma mesma muda por até três anos, enquanto na produção tradicional é necessário migrar a plantação anualmente para evitar que a lavoura seja contaminada por pestes. Além disso, o cultivo fora do solo tem um custo maior de produção, porém uma rentabilidade que compensa o investimento elevado.
Importar
O principal motivo que leva o Brasil a importar o produto, avalia Antunes, é o custo e a escala. Ele explica que morangos utilizados pela indústria para a produção de recheios, doces e iogurtes, entre outras finalidades, são frutas pequenas, de até 10 gramas.
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“Importar é mais barato, pois a indústria pode importar a quantidade de que necessita uma vez ao ano e utilizar as frutas o ano todo, afinal estão congeladas. Fica mais barato para o fabricante importar de apenas uma fonte do que procurar oferta em diversos fornecedores locais. O Brasil poderia atender esses consumidores industriais, mas ainda não tem escala”, explica Antunes.
Reportagem de Marcos Carrieri, especial para a ANBA