São Paulo – A 47ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo contará com oito produções árabes entre os 360 títulos selecionados de 96 países. O Catar se destaca envolvido na produção de cinco filmes – sendo três não árabes. Outros países da região com filmes são Arábia Saudita, Jordânia, Líbano, Marrocos, Palestina e Tunísia.
Três produções são de outros países, mas com diretores árabes, como Ousamos sonhar (We dare to dream, 96 min., 2023), um documentário com produção do Reino Unido dirigido pela cineasta Waad Al-Kateab, pseudônimo da jornalista, cineasta e ativista síria. O filme traz acesso completo à Equipe Olímpica de Refugiados do Comitê Olímpico Internacional (COI) que fez parte das Olimpíadas de Tóquio em 2020.
A mostra vai de 19 de outubro a 1º de novembro e acontece em 24 salas de cinemas e espaços culturais, além de disponibilizar alguns títulos online gratuitos pelas plataformas Itaú Cultural Play, Sesc Digital e Spcine Play. A programação da mostra deve ser divulgada até o dia 16 de outubro, no site oficial.
Veja quais são os filmes da mostra com temática árabe, diretores árabes ou produção árabe abaixo.
Um fim de semana em Gaza (A Gaza Weekend, 90 min., 2022) faz parte da Perspectiva Internacional da mostra. O longa de ficção (foto de abertura) é uma produção da Palestina e Reino Unido, com direção do palestino-britânico Basil Khalil.
Exibido no Festival de Toronto, o filme conta a história de uma Israel isolada após o surto de um vírus mortal. Gaza se torna o lugar mais seguro da região, deixando um jornalista britânico e a namorada israelense presos do outro lado da fronteira. Sem mais ninguém a quem recorrer, eles precisam confiar em dois comerciantes de rua palestinos que prometem uma rota de fuga em troca de dinheiro. Porém, o que se segue é uma cômica aventura, repleta de choques culturais, enquanto o casal tenta desesperadamente voltar para casa.
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Em Vale do Exílio (Valley of Exile, 96 min., 2023), duas irmãs chegam ao Vale de Bekaa, no Líbano, no início da guerra na Síria, embarcando numa viagem para o exílio que testa a sua lealdade ao seu país, à família e entre si. O longa de ficção é uma produção do Canadá e Líbano, com direção da iraniana-canadense Anna Fahr, que está na Competição Novos Diretores da mostra.
Abbe Hassan é um premiado diretor e produtor sueco de ascendência libanesa. Em seu longa de ficção com produção sueca Exodus (Exodus, 95 min., 2022), ele conta a história de dois mundos que se colidem quando Sam, de 40 anos, um contrabandista profissional, salva com relutância Amal, uma menina de 12 anos cuja família inteira desapareceu na guerra na Síria. Amal acredita que a família está a caminho da Suécia, então ela parte em uma jornada para encontrá-los. Sam hesita em ajudá-la, mas fica preocupado com a ideia de deixar a garota sozinha em uma terra de ninguém. Este será o início de uma amizade inesperada, forte, calorosa e louca em uma jornada que mudará suas vidas para sempre. Hassan está concorrendo na Competição Novos Diretores da mostra.
Atrás das montanhas (Behind the mountains, 98 min., 2023) é uma produção da Tunísia, Bélgica, França, Itália, Arábia Saudita e Catar. A ficção do diretor tunisiano Mohamed Ben Attia estará na Perspectiva Internacional da mostra. Depois de passar quatro anos na prisão, Rafik tem apenas um plano: levar o filho para as montanhas e mostrar a ele sua incrível descoberta. O filme foi exibido na seção Horizontes do Festival de Veneza.
Em Animalia (Animalia, 91 min., 2023), a diretora franco-marroquina Sofia Alaoui conta uma história de ficção científica. À medida que Itto se aproxima do fim da gravidez, ela e seus sogros encontram suas vidas viradas de cabeça para baixo por um evento sobrenatural. A produção é da França, Marrocos e Catar. Alaoui está concorrendo na Competição Novos Diretores da mostra.
No documentário Cão de caça (Bloodhound, 97 min., 2023), a diretora argelina-italiana nascida na Suíça, Yamina Zoutat, lembra que quando era repórter jurídica, aos 28 anos, recebeu uma instrução: nunca mostrar sangue. Vinte anos depois, o filme desobedece a esta ordem masculina dada no momento do julgamento do sangue contaminado. A partir de seu desejo instintivo por imagens sangrentas, como o cão de caça que dá título ao filme, a cineasta avança por uma série de bifurcações, levando sua câmera a lugares que se revelam aos trancos e barrancos. Cão de caça é uma produção da França e Suíça. Zoutat está na Competição Novos Diretores da mostra.
O filme Ingeborg Bachmann – Jornada pelo deserto (Ingeborg Bachmann – Journey into the desert, 111 min., 2023) é dirigido pela alemã Margarethe von Trotta e tem produção da Suíça, Alemanha, Luxemburgo, Áustria, Jordânia e Itália. Em cartaz na Perspectiva Internacional da mostra, a ficção conta a história da notável e carismática Ingeborg Bachmann, que conquistou espaço no mundo predominantemente masculino da literatura alemã com sua poesia. Ainda jovem, ela está no auge da carreira quando conhece o famoso dramaturgo Max Frisch. Os dois se apaixonam, até que conflitos pessoais e profissionais começam a perturbar a harmonia do casal. Em apuros, ela conta com o apoio dos amigos, com os quais parte para uma viagem pelo deserto.
O Qatar Film Institute vem financiando produções cinematográficas mundo afora. Três dessas produções do Catar que estão na mostra são filmes sobre outras culturas.
Excursão (Excursion, 93 min., 2023) é uma produção da Bósnia, Croácia, Sérvia, França, Noruega e Catar. A diretora bósnia Una Gunjak traz a história de uma adolescente em Sarajevo em busca de validação de que fez sexo pela primeira vez durante um jogo de verdade ou desafio entre alunos do ensino médio. Presa em sua própria mentira, ela se torna o centro de uma polêmica. Gunjak está na Competição Novos Diretores.
Em Monisme (Monisme, 115 min., 2023) o diretor indonésio Riar Rizaldi traz atores profissionais e não atores que retratam a dinâmica da relação humano-natureza em um dos vulcões mais ativos do mundo, o Monte Merapi, na Indonésia.
Nas sombras das erupções recentes, estes atores interpretam uma história escrita em conjunto com um vulcanologista, um mineiro de areia e um místico – pessoas que têm uma estreita ligação com a montanha, ilustrando potencialmente situações de ficção e não-ficção que poderiam e teriam acontecido em Merapi. A produção é da Indonésia e Catar. Rizaldi concorre na Competição Novos Diretores.
Por fim, a diretora mongol Zoljargal Purevdash traz o longa de ficção Se eu pudesse apenas hibernar (If only I could hibernate, 96 min., 2023), uma produção da Mongólia, França, Suíça e Catar.
Um adolescente pobre, mas orgulhoso, Ulzii, mora na área de yurts (tenda usada por pastores nômades) de Ulaanbaatar – capital da Mongólia – com sua família. Ele é um gênio da física e está determinado a vencer uma competição científica para ganhar uma bolsa de estudos. Quando sua mãe encontra um emprego no campo, ela deixa Ulzii e seus irmãos mais novos enfrentando sozinhos um inverno rigoroso. O jovem terá que assumir um trabalho arriscado para cuidar de todos e manter sua casa aquecida.