São Paulo – Para atender à crescente demanda por petróleo, o mundo precisará produzir a mais, a cada dois anos, até 2020, um volume equivalente ao que Arábia Saudita explora. A afirmação é do presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli, e foi feita durante seminário sobre o pré-sal realizado ontem (1º), na Universidade de São Paulo (USP), na capital paulista.
A Arábia Saudita produz atualmente cerca de 11 milhões de barris de petróleo por dia. Segundo Gabrielli, a Petrobras deve contribuir, no atendimento à demanda mundial, com um aumento de 1,8 milhões de barris diários, em função do pré-sal. O volume deve ser alcançado em 12 anos, segundo projeções da estatal de petróleo.
O consumo de petróleo foi um dos principais assuntos tratados no seminário, que também teve a participação de especialistas nacionais e estrangeiros. Ao falar sobre os novos campos da área pré-sal, Gabrielli afirmou que "o risco exploratório é mínimo", pois dos 13 poços já perfurados, todos contém petróleo.
Atualmente, os poços do pré-sal ainda estão em teste, contando com uma produção diária de cerca de 15 mil a 30 mil barris diários. "Não sabemos como o reservatório se comporta, como reage a uma produção acelerada. A única maneira que temos para saber, é produzir", declarou o presidente da Petrobras ao comentar a impossibilidade de anunciar o total exato da capacidade de produção dos novos campos.
A Empresa Brasileira de Administração de Petróleo e Gás Natural SA (Petrosal) será a empresa responsável por gerir os contratos da partilha de produção e os contratos para comercialização de petróleo e gás natural da União. Já a Petrobras ficará responsável pelas atividades de exploração e produção. O marco regulatório do pré-sal ainda está pendente de aprovação pelo governo brasileiro.
Ao ser questionado se o Brasil poderá tornar-se membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), em função das novas descobertas, Gabrielli disse que esta é uma questão que se refere ao governo. Mas ele lembrou que a OPEP é uma organização que reúne países exportadores de óleo cru e que o Brasil tem investido bastante em refino e, portanto, deverá exportar menos deste tipo de óleo.
Tanque de Provas Numérico – TPN
Durante coletiva de imprensa, o presidente da Petrobras também falou sobre a necessidade de novos equipamentos de exploração para os campos do pré-sal. Segundo ele, a empresa já identificou 600 equipamentos que serão necessários para o segmento e deve realizar uma consulta junto aos fornecedores para ver quem poderá produzir.
Antes do seminário, Gabrielli participou da inauguração do novo laboratório do Tanque de Provas Numérico (TPN), equipamento que simula sistemas de produção de petróleo e gás em alto mar. Segundo Kazuo Nishimoto, coordenador do laboratório do TPN e Infra estrutura da USP-Rede Galileu, o tanque permitirá simular as condições marítimas da área onde se encontra o petróleo da camada de pré-sal.
O novo equipamento permitirá a realização de pesquisas e testes que antes eram realizados no exterior. O projeto faz parte Rede Galileu, de tecnologia em mecânica computacional, computação científica e visualização, dirigida para a solução de problema da indústria de óleo e gás, criada e implementada pela Petrobras. O laboratório, instalado na USP, tem quase 1600 metros quadrados e pode acomodar até 80 pesquisadores.
O prédio que abriga o laboratório conta ainda com uma sala de realidade virtual conectada ao Centro de Pesquisa da Petrobras (Cenpes) e às demais instituições da Rede Galileu, com o objetivo de permitir o desenvolvimento e o acompanhamento integrado de projetos e operações.
Dentro do laboratório, foi instalado um calibrador físico hidrodinâmico, um tanque com quatro metros de profundidade e 14 metros quadrados de superfície que permite criar ondas multi-direcionais para executar ensaios de sistemas oceânicos.