Geovana Pagel
São Paulo – A solenidade de abertura da Couromoda 2004, maior feira de calçados da América Latina que começou hoje em São Paulo, foi marcada pela abordagem de um tema polêmico do setor: a decisão da Camex de reduzir de 9% para 7% a taxação do couro wet blue para exportação e a extinção do tributo até 2006. Para empresários do setor, a medida dá margem para a exportação de mais matéria-prima e de menos produtos de valor agregado, já que o wet blue é o couro in natura.
"Vamos voltar a ser exportadores de matéria-prima, o que significa voltar ao passado. O potencial do setor vai estagnar", afirmou um dos dirigentes presentes ao evento, o presidente do Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil, Amadeu Fernandes.
O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, que é presidente da Camex e também participou da Solenidade rebateu as críticas dizendo que a "moda agora é tirar couro de ministro". "Deve estar faltando couro na praça, mas meu couro está curtido de tanto que já apanhei como empresário".
Furlan admitiu, porém, que a medida poderá ser discutida com empresários do setor. O presidente em exercício José Alencar reiterou a disposição do governo de reavaliar a decisão. "De maneira alguma o governo vai querer prejudicar o setor", disse. "Provavelmente faltou diálogo".
Participaram também do evento os governadores de São Paulo, Geraldo Alckmin, do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto e de Minas Gerais, Aécio Neves, além da prefeita Marta Suplicy e do fundador da Couromoda, Francisco Santos.
Santos destacou o recorde de expositores e de visitantes da feira – 915 empresas e 55 mil pessoas, respectivamente. Entre os expositores, ele informou que a maioria (340) vem de São Paulo, Rio Grande do Sul (296) e Minas (147). O restante (132) vem de outros 12 estados do país.