São Paulo – A noz-pecã brasileira está chegando no Egito e na Arábia Saudita. A empresa Divinut, que fica em Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul, embarcou em novembro do ano passado 18,6 toneladas da noz para os sauditas, e, no final de dezembro, exportou 21 toneladas aos egípcios.
O CEO e fundador da Divinut, Edson Ortiz (foto acima), disse em entrevista à ANBA que a primeira remessa à Arábia Saudita deve chegar ao Porto de Jeddah nos próximos dias. “Esses foram os primeiros embarques que fizemos com etiqueta em árabe e esperamos dar continuidade, são vendas que podem sim representar um relacionamento duradouro”, disse Ortiz.
Ele também participou de uma feira internacional de nozes e castanhas em Dubai, em 2022. “Voltamos muito entusiasmados com a perspectiva de mercado. Temos amostras e negociações em andamento com alguns compradores dos Emirados e de outros países da região, como o Kuwait e o Catar”, disse.
A Divinut compra, descasca e seleciona a noz-pecã e vende para o mercado interno, para grandes atacadistas e para a indústria alimentícia. “Estamos iniciando agora a primeira experiência com loja de varejo”, contou Ortiz.
As exportações representam por volta de 50% do total produzido. O primeiro cliente foi da Espanha, seguido recentemente pelos dois países árabes. Mas Ortiz quer que em 2024 as vendas internacionais representem até 70% e continuem numa crescente.
Ortiz acredita no crescimento do mercado de noz-pecã nos países árabes, que já têm a cultura de consumo de frutas secas e nozes. Além disso, ele observa que a tendência mundial é a busca pela alimentação saudável.
O CEO afirmou que concebeu a empresa especializada em noz-pecã para a exportação, pensando a longo prazo. Os primeiros movimentos internacionais começaram em 2017 por uma trading, e os embarques diretos, no início de 2022, para a Espanha. “Foram dez contêineres, aproximadamente US$ 2 milhões em exportações”, disse. O primeiro contêiner para o Canadá deve ser embarcado ainda em janeiro.
O olhar internacional da companhia começou pela Europa e agora está no Oriente Médio, África e Ásia. “Temos interesse em exportar para Singapura, Indonésia, China e Índia. A China é o maior mercado importador da noz-pecã no mundo”, disse.
A fábrica foi ampliada no ano passado, quando passou a descascar entre 30 e 40 toneladas de nozes por dia, e é hoje a maior processadora de noz-pecã do Hemisfério Sul. Por ano, cerca de 500 a 1.200 toneladas são beneficiadas na fábrica da Divinut. Metade desse volume é casca, portanto, do produto descascado, industrializado, restam cerca de 250 a 600 toneladas. Com a ampliação, há expectativa de crescimento desse volume para os próximos anos.
A nogueira-pecã é nativa do Sul dos Estados Unidos e Norte do México, e se adaptou perfeitamente ao Sul e Sudeste do Brasil, segundo Ortiz. Hoje, o Brasil está na quarta posição entre os maiores produtores mundiais da noz, atrás dos estadunidenses, dos mexicanos e da África do Sul. “Estados Unidos e México produzem 91% do total. A África do Sul exporta muito para a China, e como é perto, eles não descascam”, explicou.
Em 2023, o Brasil produziu 4.500 toneladas de noz-pecã, e mundialmente, foram 311 mil toneladas no ano passado. Os dados são do INC Statistics (International Nut and Dried Fruit Council). “A China, sozinha, comprou em torno de 50 mil toneladas”, informou Ortiz.
Estabelecida no ano 2000, a companhia também possui o maior viveiro do mundo de nogueiras-pecã. “Nós produzimos e vendemos as mudas selecionadas geneticamente para pequenos produtores e eles têm a compra da produção garantida. Hoje, temos mais de quatro mil produtores entre o Sul e o Sudeste em uma economia circular. Eles são nossos clientes e fornecedores”, contou.
A Divinut opera com 100% de energia renovável, segundo Ortiz. “Temos toda energia elétrica gerada por usinas fotovoltaicas e toda energia de aquecimento de água e ar por biomassa, resíduos. Também trabalhamos com aproveitamento de água com reservatórios, que captam água das chuvas em grandes reservatórios. E fazemos o aproveitamento das cascas da noz para aquecer o ar e a água, como compostagem orgânica para fazer os substratos, vendemos como chá antioxidante, para jateamento de navio, entre outras finalidades. Como subproduto, tem algum valor comercial”, declarou.
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