São Paulo – Rafic Farah aprendeu muito cedo a importância do trabalho. Herança da ascendência síria. “Eu gostava de fazer tudo e precisava ganhar dinheiro. Um dia, perguntaram para o meu pai:"Afinal, Jorge, qual é o trabalho do seu filho?". Ele pensou um pouco e respondeu: "Faz uns biscates por aí", conta. Inquieto, circula com desenvoltura por várias áreas. Bebe de várias fontes. Arquiteto por formação, criou o seu próprio estúdio de design em 1981 e tornou-se um dos grandes nomes do design gráfico brasileiro. Seus logotipos estão em marcas de moda como Fit, Lucy in the Sky, Vivavida e C&A, e em restaurantes como Tambor, América, Cristal, Mr. Fish Grill, Arábia e Spot. Farah já assinou catálogos para grifes como Daslu e Zapping.
Especialização definitivamente não interessa a este artista que também trabalha como diretor artístico, fotógrafo, cenarista e escritor. “Eu me formei arquiteto, mas acho que já era arquiteto desde criança. As várias habilidades do meu pai, que foi cantor, instrumentista, cozinheiro, carpinteiro e empresário, fizeram com que eu desenvolvesse várias facetas”, avalia. “Escolhi fazer Arquitetura por ser um conjunto enorme de coisas e que acabou me abrindo mais ainda esse leque. Além do mais, o curso me deu conhecimento sobre história da arte, que é fundamental para minha formação”, completa.
Para Farah, brasileiros e árabes são povos irmãos. “O brasileiro tem uma coisa muito forte da cultura árabe. O jeito, o tratamento, a cara. Os brasileiros são os árabes mais modernos do mundo”, garante. “Eu me considero um brasileiro típico por causa da minha ascendência árabe, e porque sou aberto ao mundo”, diz.
De acordo com ele, ambos valorizam as artes visuais, o artesanato, a culinária, a música, que faz parte de sua alma, a literatura e o amor. “A característica é que as artes não estão nas galerias, mas fazem parte do cotidiano desse homem. Aí que está a graça da vida. Não existe momento para fazer arte e para amar. É o tempo todo. Faz parte da nossa existência”, acredita.
Segundo o artista, o elemento que caracteriza sua arte é a constante releitura do mundo. “Hoje a minha questão primordial é a educação”, afirma. Farah é um dos sócios da Escola da Cidade, faculdade de arquitetura criada há sete anos que funciona no centro de São Paulo. Outra paixão é ler e escrever. “A literatura está presente no meu dia-a-dia. Escrevo na mesma quantidade que tomo café. Umas quatro xícaras cheias por dia”, revela.
Das muitas viagens que já fez ao exterior, uma teve significado especial. Foi para os Emirados Árabes Unidos em 2001. “Cheguei a ser consultado para projetar um estádio de futebol em Dubai. Mas a decisão não dependia de mim e não foi adiante. Tenho um grande desejo de fazer arquitetura lá. Existe uma arquitetura árabe moderna para ser reinventada”, destaca.
“Meu sonho é retomar toda a tradição da arquitetura árabe, que é a avó da arquitetura moderna, sintetizá-la e criar um Norte para a arquitetura árabe moderna. O mundo está olhando para lá”, diz. Entre os grandes projetos de Farah para 2009 está uma viagem de cerca de um mês para Síria, Jordânia, Líbano e Egito. E quem sabe realizar seu primeiro trabalho num país árabe.
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