São Paulo – O Ramadã deverá ter início nesta quarta-feira (16). A data sempre varia de acordo com o início da lua nova – costuma ser no dia seguinte ao desta fase lunar, quando já é possível ver uma pequena porção do satélite terrestre. O período dura de 29 a 30 dias e este ano deve terminar no dia 15 de junho. Para os muçulmanos, este é o nono mês do calendário lunar islâmico, um momento sagrado e de bênçãos. O calendário islâmico está no ano 1439.
No período, os muçulmanos fazem jejum do nascer ao pôr do sol, sem comida ou bebida, nem sequer água, sem fumar ou ter relações íntimas. Segundo Ali Zoghbi, vice-presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil (Fambras), este é um momento de oração, reflexão religiosa, caridade e devoção. As orações acontecem cinco vezes ao dia. “Neste período sagrado, o foco das pessoas muda, fica mais voltado para o espiritual do que para o material”, explicou.
“A caridade neste período é multiplicada, e fazemos também o ‘jejum com a língua’, quero dizer, incentivamos as pessoas a não falarem mal umas das outras e a praticarem o perdão, a compaixão e a misericórdia”, disse.
Para o egípcio muçulmano Tamer Mansour, assessor de projetos especiais da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, “o Ramadã é um momento de intensificar orações, reflexões, a leitura do Alcorão, e de perceber que somos todos iguais, ricos ou pobres, estamos todos em jejum igualmente”.
Segundo Zoghbi, para quem não é muçulmano, mas convive com muçulmanos ou vai viajar a um país islâmico no período, o ideal é não beber, comer ou fumar na presença de quem está em jejum, num exercício de alteridade (capacidade de se colocar no lugar do outro).
Todos os muçulmanos devem cumprir o jejum do Ramadã a partir da adolescência, com exceção de quem está em viagem, mulheres grávidas e mães que estejam amamentando, além de crianças, idosos e pessoas doentes. Nestes casos, é recomendado que os religiosos doem comida a pessoas necessitadas.
Na quebra do jejum (Iftar), após o pôr do sol, os muçulmanos costumam comer uma tâmara e um copo de leite ou iogurte, para então fazerem suas refeições, geralmente reunindo familiares e amigos.
Ao final do Ramadã, acontece a maior festa do calendário muçulmano, a festa do desjejum (Eid Al-Fitr). É costume que eles vistam suas melhores roupas, enfeitem suas casas e sirvam alimentos entre amigos e familiares, entre outros membros da comunidade. As mesquitas brasileiras também terão celebrações na data.
Negócios
Nos países de maioria islâmica, os horários de trabalho e comércio são alterados durante o período, muitos estabelecimentos não abrem durante o dia, principalmente cafés e restaurantes. Lojas e shopping centers também abrem em horários diferenciados.
A jornada de trabalho é reduzida em duas horas e há horários alternativos em muitos países muçulmanos, portanto a disponibilidade de pessoas e empresas para contatos e reuniões costuma ser menor. As mudanças variam de país a país. “Este é um mês de devoção e preservação para o muçulmano, portanto é interessante evitar qualquer tipo de atrito ou polêmica, respeitando o momento sagrado para esta cultura”, informou Zoghbi.
É comum entre as nações islâmicas a formação de estoques de alimentos e outros produtos antes do Ramadã, dada a redução das atividades comerciais. Após o período, retoma-se a rotina e os negócios habituais.
Dados
A população muçulmana é a que mais cresce no mundo, com mais de 1,6 bilhão de pessoas – quase 25% da população mundial – e estimativa de aumentar para 2,8 bilhões em 2050, passando o cristianismo e se tornando a maior religião do mundo, segundo o relatório State of the Global Islamic Economy 2017/2018, da Thomson Reuters. O Islã tem presença significativa em países da África, Ásia e Oriente Médio. No Brasil, são cerca de 800 mil muçulmanos, de acordo com a Fambras.
Serviço
Segundo a Fambras, todas as mesquitas do País deverão ter uma programação especial durante o período do Ramadã, com orações diárias e a quebra de jejum (Iftar) gratuitamente, além da celebração do Eid Al-Fitr.
Mais informações no site da Fambras.