São Paulo – Mais de três meses após o incêndio que atingiu o Museu Nacional do Rio de Janeiro, as obras podem voltar a ser contempladas, pelo menos na tela do computador. Um acervo online lançado na quinta-feira (13) pelo Google, por meio do Google Arts & Culture, leva internautas de volta ao tempo em que o museu ainda não havia tido boa parte de seu acervo destruído. O museu é o maior de história natural e antropologia do Brasil.
O lançamento ocorreu durante evento do Ministério da Educação (MEC) de divulgação do balanço das ações de apoio à recuperação do museu. O ministério anunciou que vai investir R$ 7,5 milhões em 2019 para a reconstrução da instituição museológica mais antiga do País.
Um gato mumificado, o Sarcófago de Sha-amun-en-su, um passeio pela área onde estavam diversas múmias. Esses são alguns dos itens que podem ser admirados agora de forma virtual. O acervo com obras e artefatos do Museu Nacional, em imagens capturadas pelo Google Street View antes do incêndio, formam o tour disponibilizado pelo Google Arts & Culture.
A plataforma foi produzida em colaboração com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e o MEC. São imagens em alta resolução de 164 relíquias distribuídas em sete exposições, e ambientes internos que podem ser vistos em 360º. O passeio é acessível gratuitamente na plataforma e conta com descrições em português, com tradução do conteúdo em inglês e espanhol.
O MEC divulgou, no evento, parceria com a Agência Brasileira de Cooperação, vinculada ao Ministério das Relações Exteriores, e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). A iniciativa vai receber investimento de R$ 5 milhões para subsidiar estudos, pesquisas, metodologias e projetos técnicos para a restauração do Paço de São Cristóvão e reconstrução das bases do museu. O valor vem se somar aos R$ 10 milhões já repassados pelo MEC à UFRJ para obras emergenciais no Museu Nacional.
A pasta anunciou, ainda, a liberação de R$ 2,5 milhões da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) para a manutenção de programas de pós-graduação da UFRJ que funcionam no local: antropologia social, arqueologia, geociências, patrimônio geopaleontológico, ciências biológicas (zoologia), e linguística e línguas indígenas.
A UFRJ contou com o apoio da bancada federal do Estado do Rio de Janeiro, por meio de uma emenda no valor de R$ 55 milhões, que viabilizará a recuperação da fachada e a realização de reforços estruturais, bem como a construção de novas instalações de pesquisa, ensino e administração dos cursos de pós-graduação. A emenda parlamentar apoiará também a infraestrutura para as coleções e as atividades de ensino e extensão, ações que terão início em 2019.
Peças resgatadas
Durante o evento, a direção do Museu Nacional apresentou peças resgatadas recentemente por uma equipe composta por 57 servidores e três colaboradores. Até 04 de dezembro foram encontrados mais de 1,5 mil itens, entre peças das coleções, equipamentos, objetos pessoais e fragmentos arquitetônicos. “Estamos muito felizes com o apoio do MEC. Agora é absolutamente fundamental que o governo brasileiro continue nessa linha para que possamos recuperar o quanto antes a instituição Museu Nacional para a sociedade brasileira e para as nações de todo mundo, que é o anseio da comunidade científica nacional e internacional”, disse o diretor da instituição, Alexander Kellner, em nota emitida pelo MEC.
Após o incêndio, foram abertas várias frentes de ação envolvendo diversas instituições. Segundo a UFRJ, a primeira etapa foi a contratação, com apoio do MEC, de uma empresa altamente especializada para fazer o reforço estrutural do prédio e trabalhar na remoção qualificada de escombros, por meio de uma arqueologia dos acervos no interior do museu.
A segunda etapa tem seu foco na busca de acervos e na institucionalização da colaboração de instituições nacionais e internacionais, de países como Egito, França, Portugal, Alemanha, Canadá e China. O museu já anunciou o resgate de Luzia, fóssil humano mais antigo do Brasil, de 11,5 mil anos, e do meteorito Angra dos Reis, encontrado no litoral fluminense em 1869.