Giuliana Napolitano
São Paulo – O Brasil deve receber entre US$ 10 bilhões e US$ 12 bilhões de investimento direto estrangeiro em 2003, prevêem analistas, número bem inferior à média de US$ 25 bilhões registrada em anos anteriores. O volume, porém, é considerado atípico.
Dificilmente o país voltará ao patamar registrado entre 1998 e 2000 – quando o fluxo chegou a passar dos US$ 30 bilhões. Mas pode atingir um nível estável de cerca de US$ 15 bilhões a US$ 16 bilhões nos próximos anos, acredita o economista-chefe da Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica (Sobeet), Fernando Ribeiro.
A razão é o plano já anunciado pelo governo de estabelecer normas regulatórias para setores como os de ferrovias e rodovias. “É preciso explicar como esses setores funcionam para atrair recursos”, afirma Ribeiro.
Outro ponto que deve “dar gás” ao investimento externo no país, na avaliação do economista, é a intenção do Planalto de iniciar as Parcerias Público-Privadas (PPPs). O objetivo das PPPs, que foram criadas pela Inglaterra na década de 70, é atrair capital privado para áreas exploradas pelo Estado, como saneamento básico, transporte, energia elétrica e até segurança pública.
“Com isso, o Brasil terá fôlego para receber, não os US$ 30 bilhões de antes, mas pelo menos US$ 15 bilhões”, afirma. Ribeiro lembra que o nível de US$ 30 bilhões foi alcançado devido às privatizações feitas no país na década de 90. “É muito difícil voltarmos a esse patamar”.
Este ano também será atípico, diz Ribeiro. Para ele, o fluxo em torno de US$ 10 bilhões é incompatível com o potencial do país. “Temos um PIB elevado, uma proposta de política externa de integração continental (Alca), além do Mercosul. Isso chama a atenção”.
Segundo o economista, 2003 ainda está sendo prejudicado pela crise do ano passado. “Houve uma queda acentuada dos investimentos até junho de 2003, associada às incertezas eleitoral, à guerra no Iraque”, lembra. Em junho, por exemplo, o ingresso de recursos externos ficou em apenas US$ 186 milhões – para se ter uma idéia, no mesmo mês do ano passado, o nível havia sido de US$ 1,5 bilhão.
Com isso, no primeiro semestre, a entrada de capital estrangeiro no totalizou somente US$ 3,5 bilhões. “Mas, neste segundo semestre, já está havendo alguma recuperação. Por isso, minha previsão é de um fluxo de US$ 12 bilhões”.

