São Paulo – A Palestina tem produção em vários setores e quer atrair investimentos do Brasil. Autoridades palestinas apresentaram o país como destino de investimentos no Seminário de Negócios Brasil-Palestina, que ocorreu de forma virtual nesta quarta-feira (23) e reuniu cerca de 400 pessoas. A assistente adjunta de Comércio, Indústria e Proteção ao Consumidor do Ministério da Economia da Palestina, Manal Dasouqi, falou sobre o tema.
Dasouqi contou que o Ministério da Economia da Palestina fez várias mudanças para proporcionar um clima adequado de investimentos no país. “Estamos prontos a apresentar e oferecer facilidades a empresas brasileiras para o bem comum das duas partes”, disse a autoridade. Dasouqi falou que apesar do tamanho, a economia palestina é atrativa para investimentos e é um portal para outros países árabes e islâmicos com os quais tem acordos.
O CEO da Agência de Promoção de Investimentos e Propriedade Industrial da Palestina, Haytham Wahide, citou uma série de fatores interessantes para investidores na nação, como as fortes relações com os países árabes e islâmicos, as oportunidades em infraestrutura, a legislação que protege os investimentos estrangeiros e lucros, e a existência de uma zona franca. “Queremos projetos conjuntos, construir áreas industriais, megaprojetos e zonas francas”, disse Wahide.
Dasouqi falou também da vontade de reforçar o comércio entre Brasil e Palestina, que está abaixo dos números desejados. “Temos que criar mecanismos adequados para enfrentar os desafios que atrapalham o crescimento do comércio bilateral”, disse a representante do Ministério da Economia, propondo a realização de vários seminários e fóruns para apoiar a cooperação no setor privado.
O representante do Brasil junto à Palestina, o embaixador Alessandro Candeas, enfatizou que o seminário surgiu justamente do desejo de diversificar e aprofundar a relação Brasil-Palestina, concentrada na área política, e estendê-la para a agenda comercial e de investimentos. Segundo o diplomata, atualmente o comércio bilateral é estruturalmente desequilibrado, já que o Brasil vende para a Palestina trinta vezes mais do que os palestinos exportam ao mercado brasileiro.
No ano passado, em função da pandemia, o comércio foi atípico, mas o Brasil exportou US$ 30 milhões em produtos para os palestinos, enquanto a Palestina vendeu apenas entre US$ 500 mil e US$ 900 mil aos brasileiros, segundo Candeas. De acordo com ele, também há concentração de produtos, com os palestinos enviando ao Brasil principalmente frutas e nozes e os brasileiros fornecendo carnes, café e doces aos palestinos.
O embaixador brasileiro disse que para que o comércio cresça é preciso que os empresários de cada país tenham melhor conhecimento do outro mercado, das oportunidades de negócios e das barreiras de exportação. Candeas anunciou que além do seminário em curso, será feita uma série de eventos B2B em vários setores, como turismo, cerâmica, vidros, pedras e mármores, confecções, moda, metais, plásticos, artesanatos e doces. O evento virtual desta quarta-feira explorou as áreas de alimentos e farmacêutica.
Negócios, apoio e amizade
O presidente da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Osmar Chohfi, disse esperar que a relação comercial Brasil-Palestina se amplie com a entrada em vigor do Acordo de Livre Comércio Mercosul-Palestina, que está em negociação. “Esperamos através dele reduzir as barreiras ao comércio exterior, reduzir o preço das matérias-primas e, consequentemente, o preço final pago pelos consumidores. Também pretendemos aumentar o comércio e turismo e diversificar as pautas bilaterais de comércio”, disse.
Osmar Chohfi lembrou que a Palestina atualmente enfrenta desafios e que é importante estreitar laços de cooperação construtiva e mutuamente proveitosa. “Estabilidade, segurança e a paz trarão, sem dúvida, benefícios econômicos e bem-estar”, falou. Chohfi disse que olhando para frente com otimismo, a Câmara Árabe identifica oportunidades na relação Brasil-Palestina.
O embaixador da Palestina no Brasil, Ibrahim Alzeben, que também é decano do Conselho dos Embaixadores Árabes no Brasil, disse que a nação árabe tem uma experiência única de milagre econômico, citando a firmeza da população diante das tentativas de eliminação da sua economia e da sua existência. “É sim um milagre poder resistir e poder sobreviver e desenvolver uma economia saudável”, falou.
Alzeben fez uma apresentação bonita e sensível de empresários palestinos a brasileiros e vice-versa. “Garanto que trabalharam com pessoas amigáveis, o Brasil tem um povo que ama a vida e que ama a Palestina”, disse ele aos palestinos. “Nossos amigos brasileiros, vocês encontraram um povo que vos ama, ama o Brasil e respeita vocês”, disse ele sobre os palestinos. Sobre a perspectiva de aumento no comércio e cooperação, o embaixador disse que com o seminário foi aberto um novo e promissor caminho nas relações Brasil-Palestina.
Bordado palestino
Para ilustrar as possibilidades de trocas comerciais entre os dois países, o embaixador brasileiro Candeas usou no seminário uma gravata que mandou fazer especialmente para a ocasião, com bordado tradicional palestino feito por uma brasileira, Jamila Abed, que vive no país árabe. “Apenas como um exemplo de como o mercado brasileiro pode ter acesso a produtos de muita qualidade e tradicionais, muitos dos produtos aqui têm tradição milenar de refinamento e alta qualidade”, disse Candeas.
A representante do Ministério da Economia da Palestina agradeceu, durante o seminário, ao Brasil por seu apoio à Palestina. “Agradecemos imensamente ao governo brasileiro pelo apoio político reconhecendo o Estado da Palestina”, disse Dasouqi. O Brasil é um dos países que reconhece a existência da Palestina como estado nas fronteiras fixadas em 1967.
Seminário
Além dos citados acima, falaram no seminário outros vários representantes dos setores público e privado do Brasil e da Palestina. A mediação das conversas foi de executivos da Câmara Árabe: Tamer Mansour, secretário-geral, Daniella Leite, diretora de Novos Negócios, e Silvana Gomes, diretora de Marketing e Conteúdo. O evento virtual foi realizado pela Câmara Árabe em parceria com o Ministério da Economia da Palestina, a Embaixada da Palestina no Brasil e o Escritório de Representação do Brasil em Ramallah.
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Palestinos são exportadores de medicamentos e alimentos
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