São Paulo – Palestinos, sírios e somalis estão entre as maiores populações de refugiados do mundo, segundo relatório anual Tendências Globais divulgado nesta terça-feira (19) pela Agência da ONU para Refugiados (Acnur). O relatório informa que 68,5 milhões de pessoas foram deslocadas até o final de 2017.
Ao contrário do que se pensa, o deslocamento em grande escala através das fronteiras é menos comum do que sugerem os milhões de deslocamentos globais. Quase dois terços das pessoas forçadas a deixar suas casas são deslocadas internamente e continuam vivendo em seus próprios países.
Dos 25,4 milhões de refugiados, pouco mais de um quinto (cerca de 5 milhões) são palestinos sob os cuidados da UNRWA, Agência da ONU para Refugiados da Palestina. Do restante, por quem a Acnur exerce seu mandato, dois terços, cerca de 13 milhões, vêm de apenas cinco países, entre eles os também árabes Síria e Somália (na foto acima, refugiado somali na Etiópia), além de Afeganistão, Sudão do Sul e Mianmar.
O relatório revela que 85% dos refugiados estão nos países em desenvolvimento, o que refuta a noção de que as pessoas deslocadas estão principalmente em países do norte. Quatro em cada cinco pessoas que buscam refúgio vão para países vizinhos aos seus locais de origem.
Outras informações importantes que o relatório traz são que a maioria dos refugiados (58%) vive em áreas urbanas, e não em acampamentos ou áreas rurais, e que a população deslocada global é jovem, 53% são crianças, incluindo muitas desacompanhadas ou separadas de suas famílias.
A quantidade de países que abrigam grandes números de pessoas refugiadas é pequena, bem como o número de países que geram grandes deslocamentos. A Turquia continua sendo o país que mais acolhe refugiados em números absolutos, com população de 3,5 milhões de refugiados, principalmente sírios. Já o Líbano hospeda o maior número de refugiados em relação à sua população nacional. No total, 63% de todas as pessoas refugiadas sob o mandato da Acnur estavam em apenas 10 países.
Guerras e conflitos continuam a ser as principais causas de deslocamento forçado, com pequeno progresso em direção à paz, e soluções para essa crise continuam escassas. Cerca de cinco milhões de pessoas retornaram às suas casas em 2017, sendo a grande maioria deslocados internos, mas entre essas pessoas, muitas voltaram a viver em condições precárias.
Panorama
Entre as 68,5 milhões de pessoas deslocadas, 16,2 milhões foram retiradas de forma forçada em 2017 pela primeira vez ou repetidamente, o equivalente a 44.500 pessoas sendo deslocadas a cada dia, ou uma pessoa se deslocando a cada dois segundos.
Os refugiados que tiveram que deixar seus países para escapar do conflito e da perseguição somam 25,4 milhões. Isso corresponde a 2,9 milhões a mais do que em 2016, e é o maior aumento que a Acnur registrou em um único ano. Os solicitantes de refúgio que ainda esperavam o resultado de seus pedidos em 31 de dezembro de 2017 aumentaram em cerca de 300 mil, somando 3,1 milhões de pessoas. As pessoas que estão deslocadas dentro do seu próprio país representaram 40 milhões do total, um pouco menos que os 40,3 milhões em 2016.
O relatório compara que o mundo tinha mais refugiados em 2017 do que a população da Austrália, e quase tantas pessoas deslocadas à força como a população da Tailândia. Em todo o mundo, uma em cada 110 pessoas é deslocada.