São Paulo – A pandemia do coronavírus provocará queda acentuada de renda familiar nos países do Oriente Médio e Norte da África (Mena) que estão em situação de fragilidade e que atravessam conflitos, tais como Djibuti, Iraque, Líbano, Sudão, Somália (foto acima) e Afeganistão. A previsão faz parte de documento divulgado pelo Fundo Monetário Internacional nesta quarta-feira (13).
De acordo com o organismo, os ganhos com as exportações estão recuando e o distanciamento social reduzindo a atividade econômica doméstica nestes países, afetando a renda, especialmente de trabalhadores informais e sem qualificação, inclusive das grandes populações de refugiados e deslocados internamente.
Com a renda global recuando em função da pandemia, as remessas financeiras que chegam de fora dos países, que representam 14% da economia e são o sustento para muitas famílias, deve cair 20%. O Produto Interno Bruto (PIB) das nações em situação de fragilidade e conflito da Mena deve recuar 7% em 2020, contra o crescimento médio de 2,6% no ano passado.
O FMI lembra que estes países já convivem com alta pobreza, instabilidade política, estados debilitados e infraestrutura precária. Se não conseguirem aliviar o sofrimento da população na pandemia, a instabilidade social e política deve se agravar e desencadear mais conflitos, aumentando os desafios humanitários, especialmente na Líbia, Síria e Iêmen.
O documento do fundo lembra ainda que o surto vai sobrecarregar a capacidade limitada dos serviços de saúde. Nos países frágeis e em conflito da Mena há oito médicos para 10 mil pessoas, em comparação com 14 para a mesma quantidade em mercados emergentes. Falta de leitos e acesso limitado a instalações para lavagem de mãos, água potável e saneamento dificultam a batalha contra o vírus.
O FMI afirma que o apoio internacional é essencial para o fornecimento de equipamentos médicos e atendimento em saúde, e pode fornecer algum apoio social e econômico para diminuir as dificuldades. Isso pode ajudar esses países a evitarem um aumento nos conflitos. O fundo informa que está prestando, com outras instituições financeiras, consultoria e apoio para o enfrentamento dos desafios econômicos e disponibilizou financiamento de emergência ao Afeganistão, Djibuti e Iêmen.
Paralelamente, as Nações Unidas estão mobilizando recursos para plano emergencial de US$ 2 bilhões para os países em situação de fragilidade e conflitos, e pediram um cessar-fogo global para permitir uma resposta médica adequada ao coronavírus.