São Paulo – Uma pesquisa brasileira sobre consumo de substâncias psicoativas entre adolescentes será premiada no 19º Congresso Mundial de Criminologia (Intercrim), que ocorrerá de 27 a 31 de outubro deste ano em Doha, no Catar. Dois dos autores da pesquisa, os psicólogos André Vilela Komatsu e Marina Rezende Bazon, estarão no congresso para a premiação e apresentação do trabalho, o que vai para ocorrer no dia 27. (Na foto acima, parte dos pesquisadores com outros colegas.)
O estudo é um dos dez que serão premiados pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC – Educação para a Justiça) e pela Sociedade Internacional de Criminologia (ISC), promotores do congresso com a Faculdade de Direito da Universidade do Catar. Foram levados em conta para a escolha o avanço no método da pesquisa e na discussão da temática, além da sua relevância e contribuição no assunto.
A pesquisa brasileira premiada se chama “Uso de substância e envolvimento em situações de violência: um estudo tipológico em amostra brasileira”. Ela identificou padrões no uso de substâncias por adolescentes com idades entre 13 e 15 anos. Os padrões encontrados são, por exemplo, a frequência da utilização e a combinação do consumo de diferentes substâncias, associados ao nível de gravidade dos casos.
A base da pesquisa foi a subamostra de um levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e os Ministérios da Saúde e da Educação, com informações de 6.702 estudantes do nono ano de escolas públicas e privadas do Brasil. O que os pesquisadores fizeram foi a análise dos dados e sua discussão.
Entre os que responderam à pesquisa foi identificado um grupo que representa 5% do total e que consomem álcool, tabaco, maconha e crack associados, com frequência e de forma acentuada. Segundo Komatsu, esses adolescentes têm mais risco de envolvimento com situações de violência física e abuso sexual, este último normalmente no papel de vítimas. Esse grupo também revela problemas de saúde física e mental, desconforto com o próprio corpo.
O psicólogo André Vilela Komatsu afirma, a partir das discussões da pesquisa, que existem perfis diferentes de usuários e que uma única política pública não consegue atender todos os padrões identificados. Elas precisam ser personalizadas para aumento do alcance e eficácia, segundo ele. Komatsu afirma também que a escola pode ser um ambiente para trabalhar e conscientizar sobre essas questões, e sugere ações como a escuta.
O trabalho dos brasileiros foi realizado como parte do Grupo de Estudos e Pesquisa em Desenvolvimento e Intervenção Psicossocial (GEPDIP), ligado à Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto. Eles enviaram artigo para submissão à premiação do congresso e foram escolhidos em meio a candidaturas de vários países. Os outros premiados são da China, África do Sul, EUA, Itália, Polônia, Índia, Austrália, Macedônia e Portugal.
Participaram da pesquisa do GEPDIP também Rafaelle Carolynne Santos Costa e Lais Sette Galinari, mestrandas em Psicologia na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto da USP (FFCLRP) e Renato Carpio de la Torre, professor da Universidade Nacional de Santo Agostinho de Arequipa, do Peru. Komatsu é pesquisador de pós-doutorado do Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e Marina é professora do Departamento de Psicologia da FFCLRP e coordenadora do GEPDIP.
Komatsu e Marina acompanharão as discussões do congresso e apresentarão outras pesquisas, além da premiada. Komatsu vai falar sobre a percepção dos adolescentes da legitimidade das leis, por meio do contato com figuras de autoridade, e Marina abordará adolescentes envolvidos em delitos violentos e suas características.
Serviço
19º Congresso Mundial de Criminologia – Intercrim
De 27 a 31 de outubro de 2019
Doha – Catar
Email: contact@intercrim.com
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