São Paulo – O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) real global deve cair de 3,8% em 2018 para 3,5% em 2019-2020, diz o relatório de “Previsões Econômicas Globais”, divulgado nesta terça-feira (18) pela Euromonitor International, empresa de pesquisas de mercado. O relatório analisa o 4º trimestre de 2018 e faz projeções para o fechamento de 2018 e os próximos anos, centrando em macro mudanças trimestrais para as principais economias do mundo, inclusive o Brasil.
O documento diz que a dinâmica de crescimento em muitas das economias do mundo pode ter atingido seu ápice em 2018, e projeta que a expansão global comece a desacelerar gradualmente. O crescimento do PIB real global está previsto para alcançar 3,8% em 2018 – valor semelhante ao de 2017 -, caindo para 3,5% em 2019-2020.
As projeções para os países desenvolvidos foram reduzidas desde a projeção trimestral anterior da Euromonitor, após um desempenho pior que o esperado até agora em 2018 e o aumento das tensões comerciais. O crescimento real do PIB dessas economias deve permanecer forte na conclusão deste ano, em 2,3%, e diminuir para algo entre 1,8% e 2,0% anualmente em 2019-2020.
As perspectivas para as economias emergentes foram afetadas negativamente pela piora do comércio global e pelas condições de financiamentos externos, bem como pela menor confiança dos investidores em países como a Argentina e a Turquia. Segundo o relatório, o PIB dos países em desenvolvimento deve crescer 5,0% em 2018 e desacelerar para 4,8% em 2019-2020.
A perspectiva de risco global se agravou desde agosto. O crescimento das barreiras comerciais, os riscos políticos mais elevados e a deterioração das condições do mercado financeiro podem reduzir ainda mais o crescimento nas economias desenvolvidas e emergentes.
Brasil
A recuperação econômica desigual no Brasil e a aparente falta de medidas tangíveis para o arranque da economia levaram a um rebaixamento das previsões do crescimento real do PIB para 1,4% em 2018 e 2,2% em 2019. Em agosto, a Euromonitor previa um crescimento de 1,9% em 2018 e de 2,5% em 2019.
O rebaixamento nas previsões de crescimento do PIB, segundo a Euromonitor, se deu devido ao desempenho mais fraco que o esperado no 3º trimestre, e uma política monetária mais rígida. A confiança do setor privado diminuiu ainda mais antes da eleição presidencial, a produção industrial caiu em setembro e a inflação aumentou.
De acordo com o documento, tais fatores pressionam ainda mais o Banco Central a elevar as taxas de juros, e embora o futuro governo de Jair Bolsonaro possa implementar políticas mais favoráveis ao setor privado e aos investidores, ele enfrentará barreiras legislativas significativas, devido a um Congresso dividido.
Em uma perspectiva geral, o relatório afirma que a economia brasileira continua a se recuperar lentamente, com um crescimento real do PIB do 2º trimestre de 1,0% sobre o mesmo período do ano anterior, afetado pela greve dos caminhoneiros de maio.
O crescimento das exportações foi o mais afetado, passando para território negativo devido à greve. O consumo e o crescimento do investimento também desaceleraram, embora em menor grau.
A disputa presidencial no Brasil terminou em 28 de outubro com a eleição de Jair Bolsonaro, deputado federal de extrema direita, derrotando o candidato de esquerda Fernando Haddad com 55% dos votos. A confiança do investidor e do consumidor, diz o relatório, se recuperou com a notícia, fortalecendo o real depois de ter atingido uma baixa histórica em setembro devido ao aumento dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos, da alta do dólar e do aumento dos preços do petróleo.
A inflação ficou próxima da meta do governo de 4,5% para os últimos meses, e o documento diz esperar que se mantenha em 2018-2019. A taxa de juros Selic também está estável em 6,5%, uma vez que o Banco Central está sem pressa para aumentar a taxa de juro, devido ao lento aumento da inflação e à recuperação econômica abaixo do esperado.
Riscos
A deterioração nas condições do mercado financeiro mundial aumentou os riscos de desaceleração dos mercados emergentes e até mesmo do mercado global. Combinadas a isso, as condições pioradas do mercado financeiro na Zona do Euro e as tensões da política fiscal italiana, ampliaram-se as chances de cenários adversos na União Europeia.
Nos Estados Unidos, a maioria democrata no Congresso sugere uma menor probabilidade de que as piores políticas do presidente Donald Trump sejam aprovadas. O risco de uma guerra comercial também caiu significativamente com o acordo de livre comércio entre Estados Unidos, México e Canadá (USMCA, na sigla em inglês) e com as negociações comerciais com a União Europeia na pauta.
Mas, segundo o relatório, os riscos comerciais não desapareceram por completo, e agora estão focados nas relações entre Estados Unidos e China, com uma probabilidade crescente de guerra comercial declarada entre os países.