Beirute – A empresa francesa TotalEnergies anunciou nesta quarta-feira (16) que uma plataforma chegou em águas libanesas para a exploração de reservas de gás offshore, meses após um acordo histórico que demarcou a fronteira marítima entre Líbano e Israel. Na foto acima, cerimônia de inauguração em Beirute para receber helicópteros que operarão na plataforma de exploração de gás.
“A TotalEnergies, a operadora do Bloco 9, anuncia a chegada da plataforma de exploração, a Transocean Barents, ao bloco, a cerca de 120 quilômetros da costa de Beirute”, disse um comunicado, acrescentando que um helicóptero de transporte também havia chegado ao aeroporto de Beirute.
Beirute dividiu sua zona econômica no mar em 10 blocos e o Bloco 9 era parte de uma área disputada com Israel.
“A chegada do equipamento marca um passo importante na preparação da perfuração da exploração no Bloco 9, que vai começar no fim de agosto”, acrescentou a TotalEnergies.
Em outubro do ano passado, um acordo de fronteira marítima entre Líbano e Israel mediado pelos Estados Unidos abriu os campos de gás offshore com alto potencial lucrativo para os vizinhos do leste mediterrâneo.
O Bloco 9 contém o chamado campo Qana, ou reserva Sidon, partes do qual caem em águas territoriais de Israel.
Segundo o acordo, Líbano ganhou pleno direito de operação e exploração em Qana, mas Israel vai receber compensação da empresa que opera a reserva.
Ainda não há depósito de gás comprovado lá, mas um estudo sísmico de 2012 realizado pela empresa britânica Spectrum estimou as reservas de gás recuperáveis do Líbano em 719,2 bilhões de metros cúbicos. Autoridades libanesas anunciaram estimativas maiores.
“Uma nova página foi escrita hoje. Quando a equipe logística estiver pronta daqui a alguns dias, a exploração vai começar”, anunciou o ministro de Energia e Água do Líbano, Walid Fayad. Os resultados serão conhecidos em dois a três meses, ele acrescentou.
Desde o fim de 2019, Líbano vive uma crise econômica que mergulhou a maior parte de sua população na pobreza e foi descrita pelo Banco Mundial como a pior da história moderna.
O país sofre cortes de energia crônicos e passou por algumas faltas de combustível.
Muitos políticos libaneses expressaram esperança de que a exploração de gás possa oferecer uma saída da crise econômica, uma vez que as autoridades não conseguem empreender as reformas exigidas por credores internacionais em troca de fundos de resgate.
Mas analistas alertaram que Beirute não pode contar apenas com o gás para aliviar seus problemas econômicos e que serão necessários vários anos para começar a explorar o campo Qana, caso uma descoberta comercialmente viável seja feita.
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Traduzido por Guilherme Miranda