São Paulo – Mostrar histórias de superação pessoal e profissional de muçulmanos que vivem no Brasil, desassociando o Islã à ideia de terrorismo, é o objetivo do produtor cultural Tony Valentte, que está buscando personagens com este perfil para participar de seu documentário Nações Unidas, sou muçulmano.
Valentte trabalha há 15 anos fazendo vídeos educativos. Em 2005, produziu um documentário sobre o preconceito contra nordestinos no Guarujá, cidade do litoral de São Paulo onde vive. O produtor diz que não tem religião, mas que respeita todas. Ele destaca que, mesmo com muitos muçulmanos morando em países da América Latina, e sem notícias de terrorismo na região ligadas a estas pessoas, ainda há uma associação muito forte da prática com os seguidores do Islã nestas nações.
“Hoje ainda as pessoas fazem essa associação. Existe um radicalismo muito forte contra essa religião”, aponta. Para ele, como as obras de audiovisual têm um alcance muito grande, existe uma responsabilidade também de fazer trabalhos que eduquem e não apenas entretenham.
“Quero histórias que toquem o coração. Quero mostrar o coração dessas pessoas para que as outras vejam que elas são iguais a todo mundo. O foco [do documentário] é em histórias positivas, mostrar o trabalhador que tem família para criar, que estuda, que se forma, que enfrenta o preconceito, que sai de sua terra natal para criar os filhos”, aponta.
O produtor diz que já conversou com muitas pessoas para a fase de pesquisa de seu documentário, mas ainda busca aqueles que contarão suas histórias no filme. A ideia é colocar o depoimento de três muçulmanos que vivem no Brasil e, possivelmente, ir até o país de origem de um deles para mostrar o que deixaram por lá.
Além de procurar personagens, Valentte busca ainda financiamento para sua obra, orçada em R$ 289 mil. Segundo ele, a intenção é angariar apoio de empresários da comunidade muçulmana que se interessem pelo tema do documentário.
Valentte quer lançar o filme no dia 24 de outubro, dia da Organização das Nações Unidas. “A inclusão no título das palavras Nações Unidas é para mostrar que, ao contrário do que boa parte da sociedade pensa, existem muçulmanos em vários países e que vivem em paz, unidos às nações que escolheram para viver”, destaca.
Para ele, a escolha de lançar o filme na data comemorativa da ONU será uma “ótima oportunidade” para destacar a mensagem do documentário.
De acordo com Valentte, a intenção é levar o filme às embaixadas de países muçulmanos em Brasília, mas, principalmente, divulgar o documentário em diversos festivais, no Brasil e no mundo. “O foco é conseguir uma indicação para [o festival de] Cannes e para o Oscar”, diz.
Muçulmanos, homens e mulheres, que morem no Brasil e que queiram mostrar sua história no documentário ou não muçulmanos que queiram indicar um conhecido para o vídeo podem entrar em contato pelo e-mail tonyvalentte@yahoo.com.br. Os remetentes devem mandar um resumo de sua história ou da história de vida de quem querem indicar. As mensagens serão analisadas por Valente, que buscará as mais interessantes para serem mostradas no vídeo. O e-mail também serve para contato de pessoas e empresas interessadas em patrocinar o documentário.