São Paulo – De 10 de setembro a 02 de dezembro, a Mostra de Cinemas Africanos apresenta a nova edição do Cine África, um projeto online e gratuito que terá 12 sessões todas as quintas-feiras pela plataforma Cinema em Casa com Sesc. Entre os dez filmes de longa-metragem e os dois programas de curtas exibidos, estão dois longas árabes. São eles a comédia romântica “aKasha” (foto acima), do Sudão, e o drama “Rosas Venenosas”, do Egito. Os demais países representados são Burkina Faso, Camarões, Etiópia, Nigéria, Quênia e Senegal. O Cine África é uma realização do Sesc São Paulo e tem apoio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
A cada quinta-feira ao longo de três meses, a mostra irá estrear um novo título, que ficará disponível por uma semana na plataforma, acompanhado de uma entrevista exclusiva com seu diretor ou diretora. Todos os filmes e entrevistas têm legendas em português.
O filme de abertura será o drama “Fronteiras” (Burkina Faso, 2017), da diretora Apolline Traoré. O longa acompanha quatro mulheres que fazem uma perigosa viagem do Senegal à Nigéria.
Entre os destaques inéditos está a comédia “aKasha” (2019), de hajooj kuka, primeiro longa de ficção do cineasta e ativista sudanês, que teve sua estreia no Festival de Toronto.
Outro título importante da seleção é o drama queniano “Supa Modo”, que abriu a Mostra de Cinemas Africanos do ano passado e conta a história de uma menina com uma doença terminal que sonha ser uma super-heroína. Este ano, o filme encerra o Cine África.
“Para nós, é fundamental pautar os países árabes na programação sempre, uma vez que muita gente esquece dos países do Norte da África como africanos, e são indústrias importantíssimas para compreender as cinematografias do continente. Diversos em conteúdos, formatos e estética, os filmes africanos de países árabes sempre trazem boas surpresas nas suas narrativas”, disse a curadora da mostra, Ana Camila Esteves, à ANBA.
Ana Camila afirma que o Cine África dá liberdade para que ela selecione filmes que já saíram dos circuitos de festivais e recuperá-los na programação. “O ‘Rosas Venenosas’ esteve em alguns festivais brasileiros no ano passado, mas infelizmente não teve distribuição comercial e é um filme realmente incrível, então fizemos questão de tê-lo no programa. A história de amor e um pouco de obsessão entre os protagonistas é muito instigante do ponto de vista estético, e vejo o filme como um destaque no panorama contemporâneo do cinema egípcio”, disse.
“Já ‘aKasha’ é o segundo longa-metragem de hajooj kuka, na minha opinião, um dos mais promissores cineastas da África. Em 2018, exibimos o seu documentário ‘No Ritmo do Antonov’ (2014) e agora estamos muito felizes de exibir esta que é sua primeira ficção. Somos muito admiradoras do trabalho dele como artista ativista que reflete sobre a situação de conflito civil no Sudão de forma muito expressiva e honesta”, disse a curadora.
Também está previsto um bate-papo com o tema “Cinemas africanos em contexto digital”, na live do Cinema da Vela, tradicional encontro no Cinesesc em São Paulo, que com a pandemia de covid-19, ganhou versão online.
O Cine África também oferece o curso “Cinemas Africanos: trajetórias e perspectivas” com duração de três meses e o lançamento de um e-book ao final da temporada, com textos sobre o universo dos cinemas africanos em diversos formatos: artigos, ensaios, entrevistas e críticas. As inscrições gratuitas abrem no dia 10 de setembro e serão oferecidas 35 vagas.
aKasha (78 min., Sudão, 2018)
A comédia romântica do diretor sudanês hajooj kuka conta a história de Adnan, um guerrilheiro dedicado que vive em uma área controlada por rebeldes no Sudão. Ele passa seus dias ao lado de uma AK-47, sempre pronto para o ataque. No entanto, o jovem parece estar cada vez mais distraído, graças aos seus sentimentos amorosos em relação a Lina. Nesse contexto caótico dominado pela guerra civil, os dois iniciam uma inusitada história de amor, ignorando todas as possíveis consequências que estão por vir.
Rosas Venenosas (70 min., Egito, 2018)
O drama do cineasta egípcio Fawzi Saleh mostra a vida da Jovem Tahya, que aos 28 anos, vive em um pequeno bairro no Cairo, rodeada de costumes religiosos e conservadores. Seu irmão caçula tem planos de fugir para a Itália de barco, e ela se vê presa entre o desejo de querer ir junto e a responsabilidade de fazer com que ele fique. A solução para seus problemas parece surgir através de um xamã misterioso que a observa constantemente.
Programação completa Cine África
Setembro
10/09 (qui) – “Fronteiras”, de Apolline Traoré (Burkina Faso, 2017) – Drama – 91 min;
17/09 (qui) – “O Enredo de Aristóteles”, de Jean-Pierre Bekolo (Camarões, 1996) – Comédia – 71 min;
24/09 (qui) – “aKasha”, de hajooj kuka (Sudão, 2019) – Comédia – 78 min;
30/09 (qua), horário a definir – Cinema da Vela com o tema Cinemas africanos em contextos digitais. Participantes: Ana Camila Esteves (Brasil), Marina Gonzaga (Brasil/França) e Jorge Cohen (Angola).
Outubro
01/10 (qui) – “Lua Nova”, de Philippa Ndisi-Hermann (Quênia, 2019) – Documentário – 70 min;
08/10 (qui) – “O Fantasma e a Casa da Verdade”, de Akin Omotoso (Nigéria, 2019) – Drama – 107 min;
15/10 (qui) – “Rosas Venenosas”, de Fawzi Saleh (Egito, 2018) – Drama – 70 min;
22/10 (qui) – “Madame Brouette”, de Moussa Sene Absa (Senegal, 2002) – Drama – 101 min;
29/10 (qui) – “Beyond Nollywood – Sofrendo e Sorrindo” (Nigéria) – Programa de curtas – 99 min;
Novembro
05/11 (qui) – “Nada de errado”, de vários diretores (Suíça, 2019) – Documentário – 49 min;
12/11 (qui) – “O Preço do Amor”, de Hermon Hailay (Etiópia, 2015) – Drama – 99 min;
19/11 (qui) – “Quartiers Lointains – Afrofuturismo” (diáspora francesa) – Programa de curtas – 100 min.
26/11 (qui) – “Supa Modo”, de Likarion Wainaina (Quênia, 2018) – Drama – 74 min.
Assista aos trailers abaixo: