São Paulo – A empresa brasileira Radix Engenharia e Software S.A. está interessada em entrar no mercado árabe e tem possibilidade de participar de projetos no Egito e nos Emirados Árabes Unidos. A Radix é uma multinacional de tecnologia e engenharia com sede no Rio de Janeiro (foto acima) e dona de empresa nos Estados Unidos. Ela fornece soluções e serviços tecnológicos e tem como clientes grandes companhias mundiais como Bombardier, ExxonMobil, Caterpillar, Petrobras e Nalco Champion.
A Radix atende os projetos executados por essas e outras companhias no Brasil e mundo afora em áreas como petróleo, gás e energia, transportes, mineração e siderurgia, além de oferecer uma gama de outras soluções em tecnologia. Foi diante da possibilidade de participar com grandes empresas que são clientes estratégicos em projetos de transporte no Egito e nos Emirados que a empresa passou a analisar o mercado árabe e suas oportunidades.
Um dos passos rumo a esse mercado foi a associação da Radix à Câmara de Comércio Árabe Brasileira há cerca de três meses. A equipe da empresa também teve reuniões para conhecer melhor o mundo árabe, entre elas com o cônsul comercial do Egito em São Paulo, Mohamed Elkhatib. “Seria um salto em termos de internacionalização, em termos de crescimento da área de transporte da empresa”, afirmou para a ANBA o sócio da Radix e diretor global da Unidade de Negócios de Transporte, Paulo Armando Carneiro do Rego.
Consorciada com outras duas empresas, a Bombardier, que é cliente da Radix, ganhou concorrência para fazer a construção de duas linhas de monotrilhos no Egito. A Radix é uma das candidatas a fornecer para a empresa a automação da parte elétrica das estações. A empresa brasileira já teve uma rodada de negociação com a Bombardier e terá outra em novembro. Segundo a gerente comercial global da Unidade de Negócios de Transporte da Radix, Marcela Ximendes Wigg Diogo, o resultado deverá sair depois disso e o início da execução deve ocorrer em 2020.
A Radix também tem uma possibilidade de operação nos Emirados em projeto de uma empresa cliente, mas o processo está em estágio inicial. Sendo escolhida para fornecer os serviços no Egito, a Radix deve instalar um braço no país e a partir disso prospectar novos negócios localmente. Paulo conta que a empresa ainda não fez trabalhos em países árabes, mas parte da equipe atuou em um projeto da Saudi Aramco, petrolífera da Arábia Saudita, por meio de outra empresa na qual trabalhava.
“Estamos vendo que grandes empresas que trabalham conosco, principalmente no setor de automação e tecnologia, têm presença no mundo árabe, tanto nos Emirados Árabes Unidos como no Egito e em outros países. Estamos enxergando que existe aí uma possibilidade, que no momento em que estabelecermos um projeto nestes países podemos conseguir abrir novas portas”, afirma Paulo.
A estratégia de internacionalização da Radix tem duas frentes. Uma é a de seguir clientes estratégicos em seus projetos e dentro da qual pode ser estabelecido escritório em país árabe. A expansão internacional fora disso está focada nos Estados Unidos, onde a empresa é dona da Radix US. Paulo relata que a diretriz é crescer entre 25% e 30% ao ano. “E crescer 25% a 30% ao ano só no Brasil é bem difícil”, diz.
A Radix tem vasta experiência internacional. Já prestou serviços nos Estados Unidos, Canadá, México, Nicarágua, Cingapura, Angola, Espanha, Venezuela, Paraguai, entre outros países. No Brasil, ela também é fornecedora em projetos executados por grandes companhias, caso da Linha 5 do metrô de São Paulo, na qual é responsável pelo sistema elétrico das estações prestando serviço para a Bombardier.
A empresa atua em três unidades. A mais representativa em negócios é a da área de óleo, gás e energia. Há também a divisão voltada para a indústria, que cuida de segmentos como mineração, metais, siderurgia, papel e celulose, alimentos e bebidas, e a área que engloba os demais setores, onde se encaixa o transporte. Nessa última, aliás, a Radix foi responsável pela revitalização do sistema elétrico do Aeroporto Internacional Tom Jobim, o Galeão.
A multinacional oferece principalmente serviços e atua sob demanda. A empresa, porém, também tem produto que atende o mercado em geral, caso do ‘X!Link’, sistema de inteligência operacional que monitora a disponibilidade de máquinas e equipamentos, e por meio de algoritmos avançados e inteligência artificial, identifica falhas e gera alertas de manutenção preditiva. Ao identificar um problema, o sistema envia recomendação corretiva e evita, assim, a parada do equipamento.
Da Sotreq e dos engenheiros
Metade do capital da Radix é de propriedade do grupo Sotreq e a outra metade dos fundadores da companhia. Ela foi criada em 2010 por sete engenheiros químicos e um engenheiro eletrônico que trabalharam juntos em uma empresa de tecnologia de grande porte. A ideia deles era combinar a engenharia, a automação e a tecnologia. “Era um caminho a ser seguido acreditando em todo o potencial da tecnologia e usando a base forte de engenharia e automação que o grupo tinha”, diz Paulo.
Na empresa são 680 colaboradores no Brasil e EUA, dos quais 65% de tecnologia e 35% das engenharias, entre elas química, eletrônica, de controle de automação, elétrica e mecatrônica. “Essa diversidade de perfis de profissionais faz com que a gente consiga navegar bem tanto quando aparece projeto de um portal ou de um software específico para um cliente, como quando a gente precisa entrar em uma indústria e temos que desenvolver a parte de engenharia e a parte de sistemas. Onde a gente se diferencia é justamente quando consegue combinar bem as duas coisas”, diz Paulo.
“Saber combinar isso corretamente é um diferencial da Radix, porque não fazemos só o software. Temos a nossa base de engenharia, de negócios, temos uma equipe que se especializou nas áreas em que atua. Em transportes, por exemplo, temos um time que conhece bastante da área, do negócio. Fazemos toda essa combinação para prover as soluções para as necessidades dos clientes”, descreve Marcela.