São Paulo – Relatório divulgado nesta terça-feira (13) pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) informa que o aperto das condições financeiras globais aumentou a urgência de redução de déficit de orçamento e as dívidas dos países do Oriente Médio e da Ásia Central. “O acúmulo de dívidas nos últimos anos, que agora ultrapassa 50% do Produto Interno Bruto (PIB) em quase metade dos países da região, requer ação urgente”, diz o documento “Como o Oriente Médio e os países da Ásia Central podem reduzir a dívida e preservar o crescimento”.
O FMI afirma que se os governos não reduzirem o déficit serão forçados a gastar parte crescente do orçamento com juros, em vez de investir em áreas que promovam crescimento. E em função da força de trabalho em expansão e das altas taxas de desemprego, especialmente entre jovens e mulheres, a região precisa de crescimento maior e mais inclusivo, diz o relatório.
“A perspectiva de absorver cinco milhões de trabalhadores a cada ano parece particularmente assustadora para a região do Oriente Médio, Norte da África, Afeganistão e Paquistão (MENAP), já que um em cada cinco jovens já está desempregado”, diz o documento.
Mas o FMI recomenda que as reformas orçamentárias sejam feitas cuidadosamente para que os mais pobres não sejam afetados com os cortes de gastos e aumento de impostos. “Tirar as pessoas da pobreza aumenta sua produtividade, aumenta seu poder aquisitivo, reduz o crime e os conflitos e aumenta o potencial econômico de longo prazo de um país”, diz o documento, pedindo crescimento com equidade.
O FMI recomenda que na região do MENAP, especialmente entre os exportadores de petróleo, sejam aumentadas as receitas fiscais. O organismo afirma que há espaço para redução das generosas isenções fiscais corporativas e sugere uma alocação mais equitativa da carga tributária, além de outras medidas, como melhoria da qualidade dos gastos.
O documento do FMI teve como base o relatório econômico da região, publicado na semana passada, que afirma que após contração de 0,4% no ano passado, a economia dos países do Conselho de Cooperação do Golfo (GCC, grupo formado por Omã, Emirados, Arábia Saudita, Catar, Bahrein e Kuwait) deve voltar a crescer, em 2,4%, em 2018. Para o ano que vem a projeção de avanço é de 3%.
De acordo com o FMI, a economia da região deve crescer impulsionada pela implementação de projetos de investimento público, entre eles os que são parte do plano de desenvolvimento de cinco anos do Kuwait, os projetados para a realização da Copa do Mundo de 2022 no Catar e para a exposição universal Expo 2020, que acontecerá nos Emirados Árabes Unidos.
A região do MENAP como um todo teve crescimento de 2,2% no ano passado e deve avançar 2,4% em 2018. Para 2019, a projeção de aumento do PIB é de 2,7% e para o período 2020 a 2023 a média de crescimento anual estimado é de 3%. Os que são exportadores de petróleo (Argélia, Bahrein, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Omã, Catar, Arábia Saudita, Emirados e Iêmen) cresceram 1,2% em 2017 e devem avançar 1,4% em 2018, 2% em 2019 e 2,3% de 2020 a 2023.
Os países do MENAP importadores de petróleo (Afeganistão, Djibuti, Egito, Jordânia, Líbano, Mauritânia, Marrocos, Paquistão, Somália, Sudão, Síria e Tunísia) têm projeção de crescimento econômico de 4,5% em 2018, 4% em 2019 e 4,3% entre 2020 e 2023. No ano passado, a região avançou 4,1% conjuntamente, segundo o organismo internacional.
As projeções levam em conta preço médio de US$ 69,38 por barril de petróleo em 2018 e de US$ 68,76 em 2019. “Os mercados continuam a esperar que os preços do petróleo cheguem ao pico de 2018 e depois caiam gradualmente para cerca de US$ 60 o barril até 2023”, afirma o FMI. Por isso o crescimento estimado para exportadores de petróleo do MENAP deve ficar abaixo das médias históricas nos próximos anos. Também deve ter impacto ainda o choque ao crescimento desencadeado com a queda nos preços a partir de 2014.