São Paulo – O médico oncologista do hospital Oswaldo Cruz e vice-presidente de marketing da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Riad Younes, participou de painel sobre as novas perspectivas para a longevidade durante o evento “Acontece Saúde – Tecnologias e Estratégias para a Longevidade”, nesta segunda-feira (12), no auditório da Câmara Árabe, em São Paulo. O evento foi promovido pelo centro de inovação CESAR e pela empresa de serviços de saúde e inovação Optum.
O painel contou também com a participação de Neuza Guerreiro de Carvalho, bióloga, pesquisadora, influenciadora digital e participante da Universidade Aberta à Terceira Idade; do CEO da International School of Game, Fabio Ota, que é especialista em gamificação e programação de games de raciocínio lógico para idosos, e teve mediação do médico geriatra Daniel Gomes, do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). (Na foto acima, da esq. p/ dir., Carvalho, Younes, Ota e Gomes.)
Foram abordados assuntos como os principais desafios para o envelhecimento, os reflexos na economia e na sociedade com o crescimento exponencial da população idosa, e quais tecnologias poderiam otimizar a vida dessas pessoas. “O Brasil tem uma quantidade exponencial de pessoas em idade avançada. Estima-se que até 2030, a proporção de idosos irá dobrar, e que até 2050 os idosos irão superar a população de até 14 anos”, disse Gomes.
Para Carvalho, que contou estar chegando aos 90 anos, envelhecer com saúde é uma questão de escolhas e também de necessidade. “Eu fiz musculação por 13 anos e tive de parar por conta da cirurgia no quadril, mas meus médicos me dizem para fazer alongamento, e veja, como mulher, eu acabo fazendo muita atividade física, porque só o trabalho doméstico já demanda esse exercício, como estender as roupas, dobrar um lençol, abaixar para pegar uma panela no armário”, declarou a pesquisadora, que também mantém um diário online, o Blog da Vovó Neuza.
“Nós idosos somos muito responsáveis pelas gerações futuras, no sentido de compartilhar nossa sabedoria, nossos dons, nossas histórias. Mas vejo que muita coisa acaba se perdendo, há um egoísmo ruim de muitas pessoas”, afirmou. A bióloga contou que doou seu corpo para pesquisa e que não terá velório nem enterro quando morrer. “Até a nossa morte é um gasto enorme que muita gente não está preparada, então eu já fiz as minhas escolhas, não quero ser enterrada, quero contribuir no que eu puder”, declarou.
Carvalho disse ainda que deveria ser feita uma campanha para as pessoas de idade avançada usarem bengalas, porque isso evitaria muitas quedas e acidentes na rua. “Conheço muitas pessoas, principalmente homens, que se recusam a usar a bengala por vaidade, porque não querem aceitar a idade e suas limitações, mas acho que preveniria muitos acidentes e quedas, eu uso mesmo sem precisar mais, desde que fiz minha cirurgia no quadril estou andando melhor”, contou.
Fabio Ota concordou sobre o uso das bengalas e disse que tem um projeto para startups que queiram desenvolver bengalas customizadas ou personalizadas, com diferentes cores, estampas e materiais, para que seja parte do vestuário da pessoa e tenha maior aceitação. Ele contou também sobre o desenvolvimento de jogos para a terceira idade, e que no projeto eles têm a opção de aprender apenas sobre inclusão digital, de jogar os jogos e até de desenvolver os próprios jogos. Em pesquisa, foi constatada significativa melhora na memória, concentração e qualidade de vida. “Os que optaram apenas pela inclusão digital ou por jogar mostraram bons resultados, mas os que escolheram desenvolver os jogos tiveram um resultado excelente”, disse Ota. O pesquisador revelou ainda que o programa envolve também a socialização. “Tirar essas pessoas de casa e socializar é muito importante, e temos atividades que envolvem toda a família, os idosos convidam seus filhos e netos para jogar os jogos que eles desenvolveram, é um trabalho muito gratificante”, afirmou.
Já Younes disse que o sistema de saúde brasileiro, tanto público quanto privado, não está preparado para o envelhecimento da população. “O sistema de saúde no Brasil soluciona problemas, não é voltado para a prevenção. Nem o Sistema Único de Saúde (SUS) nem o convênio particular; é um sistema de doença, não um sistema de saúde, e é de extrema importância detectar e tratar as doenças o quanto antes para garantir a longevidade”, explicou.
Gomes finalizou dizendo que o Brasil está envelhecendo mais, mas não necessariamente melhor, contrariando o ditado que diz que “os 70 são os novos 60”. Carvalho enfatizou que quem tem mais de 80 anos tem necessidades bem diferentes dos que têm 60 anos, idade em que já se é considerado idoso.
O segundo bloco do evento teve como tema “Como a tecnologia pode contribuir para uma vida mais longa e saudável?”, com moderação de Felipe Rizzo, da Optum, e participação de João Bosco, da Genomika Diagnósticos, Paulo Urbano, do CESAR, e Daniel Coudry, da Amil.
CESAR
O CESAR é um centro privado de inovação que utiliza tecnologias da informação, comunicação e design para solucionar problemas complexos, e tem como clientes empresas de telecomunicações, eletroeletrônicos, automação comercial, financeira, mídia, energia, saúde e agronegócios, entre outras.
Desde 1996, o CESAR atua nas áreas de Engenharia e Design, Educação e Empreendedorismo no mercado nacional e internacional, conta com mais de 500 colaboradores entre a matriz, em Recife, e em Curitiba, Sorocaba e Manaus.