Da agência ANSA
Roma – "Parece árabe" é a maneira de dizer usada na Itália quando se fala de algo difícil de entender. No entanto, asseguram os árabes, o italiano não é nada fácil de ser compreendido. E, apesar dos milhares de falantes dessa língua presentes em Roma – marroquinos, tunisianos, libaneses e palestinos – ninguém havia pensado, até agora, em criar um guia sobre a cidade escrito em árabe.
A idéia foi de um editor, Hiab Hashem, responsável pela publicação de uma revista mensal nesta língua, "Nur". E quem o conhece assegura que é uma pessoa dotada de grande força de vontade e apaixonado pelo que faz. Tanto que reuniu informações essenciais para um turista ou imigrante de origem árabe que chegue em Roma. Conseguiu ainda patrocinadores para o projeto (sendo o principal deles uma financeira que tem muitos clientes árabes em sua carteira) e lançou o primeiro guia da cidade lido da direita para a esquerda.
No guia, que estará à disposição gratuitamente nos locais de interesse turístico, haverá um glossário com palavras-chave, números, dias da semana, e algumas frases mais usadas, inclusive aquela para saber se há carne de porco em algum prato que é servido no restaurante.
A publicação não tem como público-alvo somente os imigrantes, mas principalmente os turistas árabes da elite, aqueles interessados em cultura, boa cozinha e, claro, em fazer boas compras.
Com uma centena de páginas e várias ilustrações, a publicação foi apresentada no último dia 20 num dos salões do Campidoglio, sede da prefeitura romana, onde se ofereceu chá de menta e doces típicos à comunidade árabe presente. Entre alguns nomes, estavam o ministro plenipotenciário da embaixada da Jordânia, Mowafaq Al Ajlluni, além de representantes da Liga Árabe.
"Este guia surgiu para que os árabes se sintam cada vez mais parte integrante desta cidade, e para que a cada dia Roma seja uma grande capital acolhendo lado a lado árabes, chineses, franceses, indianos", declarou Hashem, o editor.
"Não é somente um guia turístico, mas um guia cultural, que pretende tornar o árabe mais familiar. Isso também nos faz lembrar indiretamente que, por dois séculos, na região da Sicília e arredores, o árabe foi a língua oficial", comentou o jornalista argelino Aman Lakhous.
Maurizio Bartolucci, presidente da comissão municipal pelo direito ao voto dos imigrantes desejou que, futuramente, seja possível realizar um guia mais abrangente, inclusive com apoio e intervenções da própria prefeitura de Roma.
O guia, que já lista todas as delegacias de polícia, sítios arqueológicos, restaurantes e locais da comunidade árabe, logo deverá ser ampliado, pois alguns endereços importantes não foram incluídos. Entre os ausentes ilustres desta edição estão museus, como os Capitolinos. "Também não há o endereço da mesquita de Roma", lamentou o conselheiro adjunto municipal Darif Aziz.