São Paulo – O crescimento da produtividade da agricultura no Brasil, que vem obtendo mais safras de uma mesma lavoura, deverão levar o País a ampliar a demanda por fertilizantes nos próximos anos, de acordo com informações apresentadas no 12º Congresso Brasileiro de Fertilizantes, realizado na terça-feira (2), em São Paulo. O evento foi organizado pela Associação Nacional para Difusão de Adubos (Anda).
O sócio-diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, Carlos Cogo, observou que a produtividade e a competitividade da lavoura brasileira estão crescendo, com fazendas que chegam a ter três safras em um único ano, de diferentes culturas. Isso eleva a produção, mas também a necessidade de adubar a terra. A estimativa apresentada por ele é de uma área plantada de aproximadamente 90 milhões de hectares e um consumo de 49 milhões de toneladas de fertilizantes neste ano.
“Produção recorde. Para mim não chama mais atenção, é um recorde atrás do outro, o que chama atenção é crescer 2% em área e quase 3% ao ano durante 30 anos em produtividade”, afirmou Cogo. Ele observou, ainda, que o Brasil deverá continuar a ter a Rússia como seu principal fornecedor de fertilizantes, responsável por 30% do todo que o Brasil importa. O País depende do mercado externo para adubar a terra e tem entre seus principais parceiros comerciais, países árabes, como o Marrocos. Do total consumido em fertilizantes pelo Brasil, 85% são importados.
Editora de Grãos e Fertilizantes da Argus Media, Renata Cardarelli apresentou no painel um panorama do mercado mundial de fertilizantes. Observou que o Egito, que é um grande produtor e fornecedor do Brasil, está reduzindo sua produção neste ano em razão de uma disponibilidade menor de gás natural, insumo essencial para a produção de fertilizantes no país do Norte da África.
O mediador do painel, conselheiro da ANDA e CEO da Adufértil, Gustavo Zaitune, atribuiu o aumento da produtividade no campo ao uso de fertilizantes. “Não dá para esquecer que, a despeito dos biofertilizantes organominerais, os NPKs (nitrogênio, fósforo e potássio) vão continuar a ser certamente o principal motor de nutrição de plantas. Neste sentido, os trabalhos de produção local são importantes, mas as importações certamente serão ainda maioria e precisam ser vistas nos âmbito dos portos, ferrovias e rodovias”, disse.
Cogo indicou que a produtividade da lavoura e a demanda por adubo vão continuar a crescer no Brasil nos próximos anos. Citou, por exemplo, o aumento da área plantada e consumo de milho. O mercado de biocombustíveis deverá gerar receita de R$ 1 trilhão nos próximos 10 anos em razão da produção de combustível sustentável para aviação (SAF), de biodiesel e do aumento de etanol na gasolina.
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