São Paulo – O Immigration Policy Lab, grupo de pesquisadores internacionais ligado à Universidade de Stanford, dos Estados Unidos, e à Universidade de Zurique, na Suíça, decidiu analisar como celebridades vindas de grupos estigmatizados podem afetar os preconceitos no ambiente onde têm exposição.
Para isso, quatro pesquisadores escolheram o caso do jogador egípcio Mohamed Salah, que tem crescente visibilidade e se auto declara muçulmano. Eles cruzaram dados de casos de islamofobia no ambiente entorno do clube onde Salah joga, o Liverpool, da Inglaterra. O time inglês de futebol contratou o egípcio em 2017 e no último final de semana foi coroado campeão da Copa dos Campeões da Europa.
O estudo aponta que a partir do conhecimento que a celebridade levou a público sobre sua religião, pode ter havido redução nos casos de preconceito contra o islã. “Nossas descobertas indicam que a exposição positiva a modelos de comportamento de um grupo externo pode revelar novas informações que humanizam esses grupos estigmatizados”, declaram os pesquisadores em seu estudo que foi divulgado no dia 30 de maio.
A primeira análise do estudo foi feita a partir de 936 casos mensais de crimes de ódio notificados em 25 departamentos policiais da Inglaterra, entre 2015 e 2018. Além disso, foram estudados outros 15 milhões de “tweets” escritos por fãs de futebol do Reino Unido, além de uma pesquisa feita com 8.060 fãs do time do Liverpool. Os pesquisadores identificaram que o condado de Merseyside, casa do time de Liverpool, teve queda de 18,9% em crimes de ódio analisados, enquanto não houve a mesma baixa em outros tipos de crime.
A pesquisa encontrou também menor taxa de manifestações anti-islâmicas em posts dos fãs do Liverpool em relação a fãs de outros dos cinco principais times de futebol do país. Entre os fãs do Liverpool, os números de posts com declarações anti-islâmicas caíram de 7.2% para cerca de 3,4% no período analisado.