São Paulo – A indústria brasileira de defesa e segurança está se articulando para vender mais produtos do segmento ao Egito. Em encontro virtual organizado pela Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde) em parceria com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira nesta quinta-feira (16), representantes do segmento e de órgãos oficiais do Egito e do Brasil discutiram o tema.
O evento serviu também como preparação para a participação na Egypt Defense Expo (EDEX), feira que vai ocorrer de 7 a 10 de dezembro deste ano no Cairo, capital egípcia, e na qual o Brasil terá estande. Segundo o presidente da Abimde, Roberto Gallo, 12 empresas já aderiram à participação. O espaço será promovido pela associação com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil).
O diretor do Departamento de Promoção Comercial do Ministério da Defesa, o general Luis Antônio Duizit Brito (foto acima, ao centro), afirmou no encontro que o Brasil quer parcerias de longo prazo na área de defesa com o Egito. “Não queremos vender, porque o que se vende, se consome no outro dia, o que queremos é fazer parceria”, falou. Segundo ele, há esperança de fortalecer as parcerias na EDEX.
Segundo dados apresentados pelo coordenador de Inteligência de Mercado da Câmara Árabe, Marcus Vinícius, os países árabes importaram no ano passado em produtos de defesa e segurança US$ 32,8 bilhões, dos quais US$ 195,2 milhões do Brasil. A importação que o Egito fez do Brasil na área somou US$ 3,5 milhões. O país é o sexto destino dessa indústria no mercado árabe.
O chefe da Divisão de Produtos de Defesa do Ministério das Relações Exteriores, Thiago Carneiro, lembrou da parceria do Brasil com o Egito há cerca de 40 anos, com a produção de aeronaves militares, e falou da vontade de voltar para aquele patamar. Segundo ele, desde o começo a relação do Brasil com o Egito na área se baseou em parceria estratégica.
O adido militar do Egito no Brasil, Alaa Mohamed Abd El Aziz, estava presente no encontro e disse que o desenvolvimento e a modernização dos equipamentos são pontos importantes para que existam Forças Armadas fortes. Ele falou sobre a importância das Forças Armadas para a soberania e a defesa do povo e sobre ameaças externas que seu país enfrenta atualmente.
O ministro-conselheiro da embaixada do Brasil no Egito, Rubem Mendes de Oliveira, contou do papel maior das Forças Armadas no Egito, que na pandemia foram encarregadas de cuidar da logística e da distribuição de produtos e serviços essenciais para a população. Ele orientou que numa prospecção do setor no mercado egípcio sejam apresentados também produtos de outras áreas.
O adido de Defesa do Brasil no Egito, o coronel Ricardo de Souza, relatou aos presentes como a sua área pode colaborar com a indústria de defesa e segurança. Segundo ele, a sua missão engloba divulgar e promover o Brasil na área, informar o Ministério da Defesa sobre demandas locais no setor, auxiliar os brasileiros na participação de eventos e feiras do segmento, entre outras atividades.
O general Elias Rodrigues Martins Filho, coordenador de Relações Governamentais na Apex-Brasil, falou que o setor de defesa sempre foi estratégico para o Brasil e contou sobre o andamento do projeto que a Apex leva adiante com a Abimde, de promoção internacional do segmento. Segundo ele, estão envolvidas na iniciativa mais de 90 empresas brasileiras.
Participaram do encontro também representantes de outras três instituições: o presidente do Conselho de Defesa da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), Roberto Veiga, a diretora técnica de economia e estatística da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim), Fátima Giovanna Coviello Ferreira, e o superintendente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (Abimo), Paulo Fraccaro.
As entidades participaram porque em função do perfil dos seus produtos podem trabalhar em parceria com o setor de defesa na promoção internacional. Veiga contou que o seu segmento fornece produtos de base para a indústria de defesa. Ferreira contou do déficit na balança comercial do segmento e da intenção de que ele diminua. “Essa é a razão de estarmos aqui”, falou. Fraccaro apresentou o perfil da produção do setor e algumas das novas tecnologias desenvolvidas na pandemia.
O encontro aberto pelo vice-presidente executivo da Abimde, Rodrigo Otavio Fernandes de Hônkis, e mediado pelo secretário-geral e CEO da Câmara Árabe, Tamer Mansour. O chefe do escritório internacional da Câmara Árabe em Dubai, Rafael Solimeo, apresentou o trabalho da entidade e os planos de abertura de novos escritórios no mundo árabe, ainda neste ano, na Arábia Saudita e no Egito.