São Paulo – Representantes do setor privado brasileiro estão reunidos nesta terça-feira (16) e quarta-feira (17) na capital paulista para discutir a economia de baixo carbono e se preparar para a Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (COP27), que ocorrerá em novembro em Sharm El-Sheikh, no Egito. Os debates ocorrem no evento “Estratégia da Indústria para uma Economia de Baixo Carbono”, realizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e parceiros.
Na abertura do seminário, o tom dos pronunciamentos foi o protagonismo que o Brasil pode ter neste novo cenário de transição para uma economia mais sustentável e de criação de um mercado de créditos de carbono. O embaixador do Egito no Brasil, Wael Aboulmagd, participou do evento de forma remota, do Cairo, e falou sobre as expectativas para o evento do clima que seu país vai sediar.
Na COP27, os países devem discutir a implementação das medidas para o cumprimento da meta de neutralizar as emissões de carbono até 2050, entre outros assuntos relativos ao clima. “O mundo busca países próximos, países amigos e países com energia verde e esse país é o Brasil”, disse o ministro do Meio Ambiente do Brasil, Joaquim Leite, na abertura do encontro. O ministro disse que a nova economia a ser criada tem que ser uma solução climática lucrativa para o empreendedor, para as pessoas e para a natureza.
Ele contou das medidas já adotadas no Brasil em prol da transição, entre elas incentivos para a produção de biometano e biogás e o decreto que criou o mercado regulado de carbono no País. Leite disse que o mercado de carbono deve trazer receitas extraordinárias para projetos verdes no País. Especialistas acreditam que o Brasil tem potencial para ser um grande exportador de créditos de carbono em função das suas possiblidades de geração de energias limpas, entre outras características.
Leite falou da participação brasileira na COP27, que incluirá estande com a CNI, Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) e Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil). Ele afirma que essa será a COP da indústria sustentável e da energia renovável. Ele disse que o Brasil será a segurança de energia limpa para o mundo, especialmente para Europa.
O presidente da CNI, Robson Andrade, também destacou o papel do Brasil na questão climática. Ele afirmou que as fontes renováveis participam com 50% da matriz energética nacional e que o Brasil é pioneiro em biocombustíveis, e destacou as características naturais e a legislação ambiental do País. “Com essas características, reunimos condições para atrair recursos de financiamento climático que seriam importantes para consolidar nossa trajetória rumo a uma economia verde”, disse.
O presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Carlos Melles, falou da oportunidade que é estar num novo ciclo econômico, que interessa aos sete bilhões de habitantes do mundo. Ele chamou o mercado de carbono de nova contabilidade, na qual o Brasil terá estoque. “Nosso banco é muito grande e vão ter que vir buscar os créditos de carbono aqui no Brasil.”
Também a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) falou na abertura do seminário sobre os trabalhos pela criação de um sistema de registro e regulação do mercado de carbono. O embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybáñez, foi outro a discursar na abertura e disse que a COP27 e a COP15 (Conferência da Biodiversidade das Nações Unidas) são oportunidades cruciais para a comunidade internacional se juntar e assumir medidas concretas para conter as alterações climáticas.
Egito
O embaixador do Egito falou no evento como representante especial da COP27. Ele disse que é momento de focar a atenção na implementação do Acordo de Paris e no acompanhamento dos compromissos assumidos em Glasgow. Aboulmagd afirmou que apesar dos esforços recentes, ainda é preciso evoluir para atingir os objetivos do Acordo de Paris. O diplomata lembrou dos atuais desafios globais, como as dificuldades causadas pela covid-19 e a guerra na Ucrânia, mas disse que elas não devem justificar retrocesso nos compromissos assumidos. “Devemos perceber que o tempo é essencial”, disse o embaixador.
O embaixador contou aos participantes do evento de São Paulo que além da cúpula dos chefes de estado, haverá uma agenda de ação como parte da COP27. Serão 11 dias com discussão de diferentes temáticas, das quais o setor privado brasileiro e mundial poderá participar juntamente com outros setores da sociedade. Também serão realizadas outras iniciativas e programas como parte da conferência.