São Paulo – Os sírios querem ter a parceria do Brasil para desenvolver seus projetos de energia elétrica e suprir o seu mercado de autopeças. O ministro da Indústria da Síria, Fouad Issa Al-Jouni, manifestou o interesse ontem (18), em Damasco, durante encontro com a delegação brasileira que se encontra no país árabe. A missão é organizada pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira com a Embaixada do Brasil em Damasco.
De acordo com o secretário-geral da Câmara Árabe, Michel Alaby, que integra a missão e participou do encontro, na área de energia elétrica o Brasil pode fornecer aos sírios, por exemplo, geradores e transmissores. Também autopeças para o setor de reposição. De acordo com o vice-presidente da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas (Abimaq), Carlos Nogueira, eles querem também máquinas para fabricação de autopeças e motores.
“O Brasil produz isso”, afirmou Nogueira, que participa da missão. “Há perspectivas reais de negócios. É uma questão de agora trabalhar em cima disso”, afirmou o empresário. De acordo com ele, nas várias missões que fez para outros países, nunca viu um interesse manifestado tão claramente. Segundo Nogueira, o ministro sírio também falou da necessidade local de máquinas para construção e para o setor de gás.
Al-Jouni também falou aos brasileiros sobre a economia do país. Apresentou os setores que ainda são estatais, como mineração, siderurgia, têxtil, alimentício, de tabaco e de cimento, e afirmou que eles representam 20% do Produto Interno Bruto da Síria. O país, no entanto, vem buscando investimentos estrangeiros. Em parceria com empresários do exterior, a Síria tem, por exemplo, fábrica de automóveis, com iranianos, e de tratores, com espanhóis.
O grupo de brasileiros conversou com o ministro sobre a possibilidade de o Brasil investir em produção de fosfato na Síria. O país tem reservas nesta área e o Brasil, em função da sua produção crescente de alimentos, tem alta demanda para fertilizantes. O suprimento desta demanda é, inclusive, uma das preocupações do mercado brasileiro.
O mesmo ministro também visitou, no domingo, o estande da Câmara Árabe na Feira Internacional de Damasco. Além dele, ontem o ministro do Comércio, Amer H. Lufti, esteve no estande. A missão brasileira ocorre por oportunidade da mostra, que começou no domingo e segue até a próxima sexta-feira. A Câmara Árabe organiza, juntamente com a Embaixada, o espaço brasileiro na feira, com o objetivo de apresentar a produção brasileira e buscar mercado para as mercadorias fabricadas no país.
A missão brasileira também esteve ontem na Embaixada do Brasil em Damasco, onde foi recebida pelo embaixador Edgard Casciano, o ministro conselheiro Sérgio Taam e o oficial de comércio Waddah Atassi. A programação do dia incluiu encontro da Câmara de Comércio de Damasco e com o diretor geral das zonas francas da Síria, Ahmad Abdul Aziz. Na Câmara de Comércio, Nogueira, da Abimaq, e o Niels Kleer, diretor de grupos de produtos da Associação Brasileira da Indústria Eletro Eletrônica (Abinee), apresentaram os seus setores com objetivo de buscar oportunidades de negócios com os sírios.
A Câmara de Damasco, segundo Alaby, tem cerca de 600 empresas associadas e ficou de encaminhar a elas as informações sobre o potencial brasileiro nos setores de máquinas e produtos de eletro eletrônica. Os representantes da entidade síria foram, inclusive, convidados para visitar as feiras de cada um dos segmentos no Brasil. Eles afirmaram que segundo o vice-presidente da Câmara de Damasco, Ghassan Kallae, o potencial industrial brasileiro precisa ser mais conhecido na Síria.
A delegação brasileira também teve oportunidade de receber mais informações sobre as zonas francas sírias na reunião com Abdul Aziz. O país árabe tem, segundo Alaby, oito zonas francas, onde existem empresas de vários países instaladas. Entre elas estão companhias alemãs, italianas, francesas, russas e iranianas. Nelas, é possível que as empresas tenham capital 100% estrangeiro. Além de Alaby, representam a Câmara Árabe na missão também o diretor Sami Roumieh, o gerente de Desenvolvimento de Mercados, Rodrigo Solano, e a coordenadora de Comércio Exterior, Francisca Barros.