São Paulo – O sírio Basel Ibrahim Al Jughami (foto acima) chegou ao Brasil em 2014, onde fundou a Trilha Gold Capital. Com a empresa do setor de mineração Al Jughami pretende construir um trabalho baseado em sustentabilidade social e ambiental. O grupo já conta com 10 empresas, entre elas o Instituto Trilha, que o empresário explica que irá organizar os trabalhos sociais.
Hoje, a Trilha Gold Capital é um grupo voltado para projetos de mineração e de consultoria em geologia, geofísica, sondagem e cálculo de reservas. Para seguir em expansão, a marca aposta na aquisição de projetos em estágio avançado de desenvolvimento, revalidação de pesquisas e exploração de ouro e metais preciosos nas regiões Norte e Nordeste do Brasil.
Mas a empresa, que pretende se tornar referência mundial na produção de ouro e metais preciosos, ainda tem um caminho a percorrer e quer investidores estrangeiros para chegar lá. No caso dos fundos internacionais, o grupo tem no Oriente Médio uma região de foco. Em processo para tirar a cidadania brasileira, Al Jughami quer mostrar para os investidores estrangeiros uma imagem positiva do Brasil.
“Tem investidores que tem um medo [de investir no Brasil], eu também já tive. Quando cheguei aqui, descobri outra realidade, por isso eu recomendo que qualquer investidor árabe invista no Brasil. Não só em mineração. Gostaria de passar essa imagem para eles, de que o Brasil é um dos melhores países no mundo, um dos únicos países onde não me senti estrangeiro”, concluiu o empresário.
Da Síria ao Brasil
Vindo de uma família de agricultores no Sul da Síria, Al Jughami saiu da região com apenas 13 anos. De lá, o sírio disse que se mudou para a Jordânia, onde trabalhou com projetos na Turquia e Rússia, fazendo a comercialização de produtos como ferro e petróleo. “Eu trabalhava na parte de comercialização, mas estava muito envolvido no setor da mineração, então conhecia bastante sobre isso”, disse.
Foi de um amigo jordaniano que ele ouviu o conselho para vir ao Brasil. Em 2014, o sírio chegou ao País e viu no setor de mineração uma chance para criar sua própria empresa. “Percebi que há muitas oportunidades no Brasil, mas ainda há muito a ideia de um garimpo sem cuidados ambientais e sociais e eu quero mudar isso. A Trilha Gold é uma empresa brasileira, que quer produzir, e não apenas certificar e vender a jazida. Queremos gerar emprego, distribuir renda e ter a parte social”, disse.
Antes de abrir a empresa, Al Jughami disse que passou anos fazendo estudos e planejamento. Viajou por diferentes regiões do País para entender como funcionava o setor e como melhorá-lo. “Fui para o Amazonas, viajava muito de carro também”, lembra.
A primeira etapa para tornar o plano uma realidade foi fazer o levantamento de pesquisas que já existiam. “Havia muitas pesquisas feitas por estrangeiros, que mapearam o potencial [de mineração] e levaram embora, para bolsas como a do Canadá”, explicou o fundador do grupo. Segundo ele, muitos detentores dos estudos chegaram a adquirir o direito de extração, mas não tinham meios para fazê-la, e ele viu ali uma oportunidade de adquirir os ativos.
Com as pesquisas em mãos, o sírio partiu para busca de profissionais que apontassem os processos ideais de extração de cada jazida e abrissem portas para novos projetos. Um deles é o engenheiro Djalma Cordeiro Menezes, que ele conheceu em 2107 e hoje é o diretor técnico da Trilha Gold. “Esse foi um dos pontos mais relevantes que o corpo técnico agregou, já que eles tinham contato com donos de empresas que poderiam ser nossas parceiras”, disse o sírio, que afirma ter hoje parcerias firmadas com entidades como o Instituto de Geociências da Universidade Federal da Bahia.
Só então, em 2020, o empresário partiu para a estrutura administrativa do grupo, fundando de uma só tacada as 10 empresas. Até aqui, o investimento na Trilha gira em torno de R$ 27 milhões. O montante, segundo Celio Leme, presidente na área de Governança Coorporativa do grupo, veio de recursos do próprio Basel, de alguns investidores anjos, além de financiamento bancário.
Sustentabilidade social e ambiental
Segundo o fundador da companhia, além de desenvolver um Programa de Gerenciamento Ambiental e atuar com energia limpa, a Trilha não terá barragem de rejeitos. No lugar disso, o grupo vai ter o chamado filtro de prensa, utilizando o método de empilhamento a seco. “O sistema é muito fechado e a operação das jazidas não tem barragem, já que existe o filtro de prensa, uma tecnologia que leva o rejeito para dentro da cuba, onde a água é reciclada”, explicou Djalma Cordeiro Menezes.
Já a contrapartida social da empresa deve se concentrar no Instituto Trilha. Fundado no final de 2020, a iniciativa tem o objetivo de investir na educação por meio de bolsas de estudo, cursos preparatórios e de reforço escolar.
Projeto Serrita
O primeiro projeto do grupo, levado à frente por uma das empresas do grupo, a Trilha Gold Serrita, e o Cedro Mineração, fica em Pernambuco. Segundo a empresa, o projeto está estágio avançado de desenvolvimento para pesquisa e exploração mineral de ouro.
De acordo com o presidente da Trilha Gold Capital, Basel Ibrahim Al Jughami, serão investidos cerca de US$ 2 milhões nessa fase do projeto e outros US$ 3 milhões na planta piloto. A extração do ouro terá início apenas após a conclusão das novas pesquisas, em uma planta experimental. A expectativa é que o projeto Serrita gere mais de 300 empregos diretos quando estiver em operação. Segundo o fundador, grupo possui, ainda, outros quatro projetos em Tapajós, Norte do país.