São Paulo – O futebol vem sofrendo mudanças no mundo, inclusive nos países árabes. Um webinar feito durante evento de lançamento de acordo entre a Câmara de Comércio Árabe Brasileira e o São Paulo Futebol Clube (SPFC) nesta segunda-feira (07) trouxe novidades sobre os movimentos internacionais do esporte, como os diferenciais que terá a Copa do Mundo 2022 que vai ocorrer no Catar, o avanço do futebol feminino no Egito e a transformação do esporte em evento de entretenimento.
O ex-jogador e capitão da seleção brasileira pentacampeã Cafu (foto acima) participou do evento, que ocorreu no Morumbi, mas foi transmitido pela internet, e falou sobre a Copa do Catar, do qual é embaixador. O webinar ocorreu no dia do aniversário de 51 anos de Cafu. Segundo ele, a Copa do Mundo no Catar será totalmente diferente. “Será possível assistir três jogos em um dia porque as distâncias são de no máximo uma hora”, disse, enfatizando que haverá trens parando na porta dos estádios, toda uma logística pensada para a facilidade de transporte e que os torcedores poderão ter uma base fixa, sem precisar mudar de hotel.
Também no mundo árabe, no Egito, o futebol vem avançando para o universo feminino. A CEO e fundadora do Empower Football Academy, Farida Salem, participou do webinar desde o país árabe e contou sobre o seu projeto, a criação de uma escola de futebol para meninas no Egito que é voltada ao empoderamento feminino por meio do esporte. Ela afirma que sua escola tem um ambiente acolhedor e seguro para as meninas se sentirem bem e fazerem o que amam. Para ela, o futebol pertence à comunidade e ao público, e não aos clubes, e as crianças devem ser incentivadas a praticar esportes independentemente de gênero ou nacionalidade.
“Eu vejo as coisas de uma forma muito simples, para uma pessoa de 12 anos, independentemente do gênero, quando a gente entra no gramado pela primeira vez, se um técnico não ajuda, não te pergunta seu nome, qual sua matéria preferida, se sua família não apoia, você não vai se sentir apoiada. Precisamos apoiar nossas garotas porque elas precisam desse suporte para entrar no esporte, precisamos fomentar esses relacionamentos e o suporte social é muito importante, principalmente aqui nos países árabes”, disse Salem.
Cafu, que mantém um projeto social, também defendeu o esporte como um instrumento de inclusão. “O esporte é uma das maiores ferramentas de inclusão social do mundo porque você inclui a criança na sociedade, dá a sensação de pertencimento e de ser um cidadão, dá esperança, o esporte consegue fazer isso”, disse Cafu. Para ele, o mundo hoje precisa de educação, transparência e a esperança de um futuro melhor. “Precisamos priorizar as nossas crianças em termos de educação e cultura para terem um futuro brilhante e mudarem nosso país, mudarem através do esporte e dessas trocas de cultura com a internacionalização”, declarou o ex-jogador.
O mediador da mesa sobre o impacto social do futebol e a internacionalização foi o secretário-geral da Câmara Árabe, Tamer Mansour. Ele parabenizou a parceria inédita entre o clube e a entidade, que tem como objetivo internacionalizar o SPFC e, inicialmente, tornar o clube mais conhecido nos países árabes. “Vamos incrementar um laço entre os árabes e os brasileiros no que eles mais gostam depois de fazer negócios: jogar futebol!”, disse Mansour.
Transformações na pandemia
Mudanças vêm ocorrendo também no consumo do esporte em geral como entretenimento. Em uma mesa redonda sobre a tecnologia transformando o futebol falaram o vice-presidente do Departamento de Turismo e Marketing Comercial de Dubai (Dubai Tourism), Hamad Bin Mejren, o criador do canal esportivo EPL World Sports Media, Abdulla Al Hammadi, e o diretor de Marketing do SPFC, Eduardo Toni, com moderação da diretora de Marketing e Conteúdo da Câmara Árabe, Silvana Gomes. Toni relatou que o esporte vem sendo buscado cada dia mais como entretenimento e, assim, os seus eventos não são mais apenas eventos esportivos, mas sim de entretenimento. A pandemia de covid-19 e o uso da tecnologia, como as plataformas digitais, aceleraram isso.
Al Hammadi, que é dos Emirados, informou que, sem novas partidas de futebol, seu canal começou a resgatar jogos antigos, de Copa do Mundo e outros campeonatos, e lançou enquetes e competições nas redes sociais para dar mais engajamento. “No início da pandemia perdemos muito engajamento, mas começamos a fazer as enquetes e isso viralizou, deu muito certo”, disse. Ele enfatizou a importância de ter informações dos times brasileiros em inglês e árabe para que o público dos países árabes possa consumir esse conteúdo.
Bin Mejren contou que, mesmo com a pandemia, o turismo em Dubai cresceu 3% ano passado. Ele afirmou que Dubai utiliza a plataforma do futebol para promover o turismo e para que as pessoas conheçam o emirado. “Nós convidamos jogadores, times europeus para vir a Dubai, para os campos de treinamento, fazemos amistosos. Para nós, o povo dos Emirados e do mundo árabe, o futebol é extremamente popular, nós amamos o futebol”`, declarou. “Mais um ponto que os brasileiros e árabes têm em comum, a paixão pelo futebol”, disse Silvana Gomes.
Ao final do evento, Cafu ganhou presentes do SPFC e da Câmara Árabe por seu aniversário. Assinaram o memorando de entendimento para internacionalização o presidente da Câmara Árabe, Osmar Chohfi, e o presidente do São Paulo Futebol Clube, Julio Casares. A mestre de cerimônia do evento foi Ana Cristina Oliveira. Também participaram o diretor e a gerente do Departamento Interacional do SPFC, Gabriel Abouchar e Camilla Prando, respectivamente.
Leia outra reportagem sobre o evento:
SPFC vai em busca de reconhecimento entre árabes
Assista ao evento completo: