São Paulo – Nascida em São Paulo, Dana Farida (foto acima) se apaixonou pela dança oriental egípcia logo cedo, aos três anos de idade. A paulistana era a única criança em uma sala repleta de adultos que estava aprendendo a dança árabe, mundialmente conhecida como dança do ventre. Além desse estilo de música, ela aprendeu outras danças como balé, jazz e dança de salão. O que começou como hobby, se transformou em profissão. Aos 38 anos, a coreógrafa ensina alunas de diversas idades a dançarem o estilo musical típico do Egito.
“Não tive nenhuma influência direta para aprender a dançar, mas na minha família tem alguns artistas. Meu avô, por exemplo, tocava na banda da cidade e minha tia é atriz. Aprender dança aconteceu um pouco sem querer. Minha mãe estava me levando para aula de natação e eu vi pessoas dançando em outra sala. Entrei lá e não saí mais.”
Aos 15 anos, ela começou a se apresentar em festas de debutantes e casamentos, e a dar aulas particulares. Três anos depois, passou a ensinar em colégios. Antes de abrir sua própria escola, em 2014, Dana fez graduação em Artes Cênicas, Letras e Música e se formou em Pedagogia da Dança pelo Teatro Municipal de São Paulo.
Para se especializar nas danças árabes, ela fez aulas com professoras que são referências da área. “A dança do ventre ficou conhecida em todo mundo através dos filmes norte-americanos, que davam aquela visão de ser um estilo de dança sensual. No Brasil, essa dança se popularizou depois da novela O Clone. Mas na minha escola, eu mostro que essa dança vai além do movimento com a barriga, ela gera um movimento fluido nos braços também”, explica a brasileira.
Além da dança oriental egípcia, Dana ensina outros estilos de danças árabes em sua escola entre eles o Khaliji, conhecido como a dança do Golfo, que é praticada nos Emirados Árabes Unidos, a dança saidi, aquela com uso de um bastão, a dabke, uma dança folclórica praticada de formas diferentes no Líbano e na Palestina, e o baladi, que é uma das principais bases da dança do ventre cênica.
“Outros elementos, além do bastão, são usados em aula. Tem dança que usa espada, outras que usam diferentes tipos de véu, existe um estilo que usa o snuj, um instrumento parecido com a castanhola”.
Enquanto ministra as aulas, Dana explica que é impossível não misturar os estilos de músicas brasileiras e árabes, afinal os dois estilos têm muitas similaridades. “Acho que a mistura do Egito com o Brasil deu muito certo para mim. Nestas danças típicas usamos bastante o quadril e temos que ter gingado”, conta a dançarina.
Proximidade com os árabes
Antes de abrir a própria escola, Dana resolveu se aproximar ainda mais dos árabes para entender seus estilos de danças. Por isso, em 2011 participou pela primeira vez do Festival Ahlan wa Sahlan, evento que acontece no Egito. “Foi surpreendente eu ganhar a competição dessa dança típica no seu país de origem.”
No mesmo ano, ela foi capa da 2ª edição da Revista Shimmie, uma das publicações mais importantes do universo da dança árabe.
“Desde então, vou ao Egito pelo menos duas vezes no ano. Em cada visita fico de dois a três meses para fazer uma imersão na cultura. Após visitar o Egito pela primeira vez, também fui para outros países e cidades árabes, entre eles o Líbano, a Jordânia e Dubai, para participar de festivais de dança, ministrar aulas e aprender mais sobre as danças árabes diretamente das fontes”, dia Dana.
Em 2017, a brasileira se tornou Campeã Mundial do Festival Ahlan wa Sahlan e no ano seguinte se tornou Master Teacher oficial do evento. Depois disso, foi convidada para integrar o júri oficial em festivais que aconteceram na Espanha, Egito e Chile.
Em reconhecimento pela sua carreira, no ano passado, Dana se tornou Membro do Conselho Internacional da Dança pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Para melhorar ainda mais sua comunicação nas viagens, Dana está fazendo aulas de árabe. “Eu me comunico bem em inglês, mas gosto de falar uma coisa ou outra em árabe para me sentir mais à vontade com o público.”
Reportagem de Rebecca Vettore, especial para a ANBA