São Paulo – Começou nesta segunda-feira (21) a Wetex 2019, feira dos setores de água, energia, tecnologia e meio ambiente em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos. A Câmara de Comércio Árabe Brasileira participa com um estande pelo segundo ano consecutivo, e nesta edição conta com a parceria do Ministério do Meio Ambiente e da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica). O evento vai até quarta-feira (23).
A coordenadora de relações institucionais da Unica, Julia Tauszig, está no estande para promover o etanol de cana-de-açúcar. O Brasil é líder na produção do etanol de cana, e o segundo maior produtor de etanol do mundo, ficando atrás apenas dos Estados Unidos, que produzem a partir do milho.
Segundo Tauszig, há hoje três grandes desafios que podem ser solucionados com o etanol. O primeiro são as mudanças climáticas. “As cidades têm compromisso com a redução da emissão de gás carbônico, e o etanol promove uma redução de 90% das emissões em comparação com a gasolina”, informou.
O segundo desafio é a qualidade do ar que, segundo a coordenadora, também melhora consideravelmente com o uso do etanol. “São Paulo teve uma redução de poluentes de 54 para 29 microgramas por metro cúbico, e hoje tem uma qualidade do ar muito melhor do que grandes cidades da China e da Índia, por exemplo”, declarou.
O terceiro desafio é a dependência do petróleo. “Hoje em dia, nenhum país quer ser dependente do petróleo. O carro elétrico é uma alternativa, mas que só vale a pena dependendo da matriz energética do país. O etanol pode ser uma solução para mobilidade de baixa emissão de carbono, e que não precisa criar uma grande infraestrutura”, afirmou Tauszig.
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Segundo ela, a gasolina brasileira hoje tem 27% de etanol em sua composição. “A ideia aqui nos países árabes é trazer esse conceito do Green Petrol, a gasolina com alta mistura de etanol. Na maioria dos países a concentração é de 5% a 10%, e acima de 20%, é considerada alta mistura”, explicou. “É uma solução que já existe, já está pronta, não precisa de grandes adaptações”, reiterou.
Tauszig disse que a Unica está buscando parcerias com os países árabes, nos setores público e privado, para promover o Green Petrol e criar um mercado e uma demanda, incorporando o etanol à gasolina e assim reduzindo os impactos ambientais negativos que o petróleo gera. Mas, segundo ela, é preciso que os países tenham políticas públicas de incentivo, por isso a iniciativa deve ser público-privada.
“Hoje foi bastante interessante, teve um movimento de qualidade, muita gente interessada de órgãos públicos e privados, conversei com pessoas de diversos países, como Turquia, Marrocos e Emirados, e eles demonstraram interesse”, contou.
“A Unica veio para falar da importância do etanol para a sustentabilidade, mostrar outra possibilidade de combustível, um projeto de mobilidade sustentável, que influencia na diminuição de emissões de gás carbônico”, disse a gerente de Relações Institucionais da Câmara Árabe, Fernanda Baltazar, que também está em Dubai.
Já o Ministério do Meio Ambiente levou à Wetex um projeto de concessão de parques. “Por mais que aparentemente não haja conexão, eles estão tratando da economia em temas sustentáveis, e injetar dinheiro em parques, na preservação ambiental, é trazer para a feira uma economia verde no sentido de investir em conservação, infraestrutura e respeito à diversidade, e assim mostrar aos Emirados e outros investidores da região como isso pode ser trabalhado. O projeto de concessão começa em 60 dias para alguns parques nas regiões Sul e Nordeste do País”, informou Baltazar.
Segundo a coordenadora de eventos da Câmara Árabe, Tâmara Machado, o principal objetivo do estande da Câmara Árabe na Wetex é mostrar que o Brasil tem grande importância no setor de energias renováveis e limpas e de sustentabilidade. “E também marcar a presença da Câmara Árabe como principal facilitadora de negócios entre o Brasil e os 22 países árabes”, completou Machado.