Abu Dhabi – O presidente Jair Bolsonaro chegou no início da noite deste sábado (horário local) em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. No aeroporto, ele foi recebido pelo ministro da Energia e Indústria do país, Suhail Al Mazrouei (dir, na foto). Depois, foi para o “Wahat Al Karama”, ou “Oásis da Dignidade”, o Monumento aos Mártires da Pátria, soldados mortos em conflitos. Em entrevista coletiva após a visita, ele falou sobre o principal objetivo da viagem ao Golfo: os negócios. Bolsonaro vai passar também por Catar e Arábia Saudita
“Um presidente serve muitas vezes como um cartão de visitas, amizade e cooperação, e temos campos de negócios para eles (árabes) no Brasil e um pouco para nós aqui também, então esta é a intenção”, declarou Bolsonaro. Na manhã desta terça-feira (27), o presidente vai participar da abertura de um seminário empresarial que irá reunir representantes de empresas brasileiras e dos Emirados.
O encontro contará com companhias e associações dos ramos de tecnologia, agronegócio, alimentos, bens de capital, petróleo, energia, mineração, defesa, serviços financeiros, couro e calçados, saúde, produtos químicos, aeroespacial, construção, cosméticos, publicidade, veículos, logística, metalurgia, material elétrico, entre outros.
Estarão presentes algumas empresas brasileiras de grande porte como a BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, Embraer, Helibras, Petrobras, Marcopolo, Marfrig, Minerva, JBS, Seara, O Boticário, Tramontina, Vale e Weg. O evento é organizado pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e pela Câmara de Comércio e Indústria de Abu Dhabi, e tem apoio da Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
“Essa viagem está bastante diversificada e estamos sendo muito bem recebidos. É sinal que o Brasil está reconquistando sua confiança e, obviamente, este ambiente é bom para os nossos povos”, declarou Bolsonaro.
O presidente lembrou que as exportações brasileiras para a região são muito concentradas em commodities, especialmente alimentos como frango, carne bovina e açúcar, mas ele espera avanço das relações econômicas para outras áreas.
“O que nós esperamos é a questão de investimentos, de infraestrutura. Eles devem participar do [próximo] leilão do pré-sal [programado para 06 de novembro], também há a questão de pesquisa, desenvolvimento. Tem muita coisa que a gente vai expor para eles nesta viagem e a intenção é abrir as portas para bons empreendimentos”, afirmou.
A Qatar Petroleum, empresa de um dos países que Bolsonaro vai visitar, já arrematou blocos de exploração e produção de petróleo e gás em quatro certames realizados no Brasil, o último em 10 de outubro, sempre em consórcio com outras companhias do setor.
Com os Emirados, o Brasil assinou recentemente acordos para evitar dupla tributação em investimentos recíprocos e de Cooperação e Facilitação de Investimentos (ACFI). Com isso, o governo espera atrair recursos do país árabe para outros segmentos, como o de infraestrutura. No seminário, será apresentada uma série de projetos do Programa de Parceria de Investimentos (PPI).
Ele ressaltou que o Brasil precisa atrair recursos externos. “O próprio leilão [do pré-sal] em si, nós não temos capacidade de investimentos, por isso fazemos este tipo de negócio. Pretendemos com estas medidas, como bem diz o [ministro da Economia] Paulo Guedes, como o próprio ministro das Minas e Energia [Bento Albuquerque], baratear os preços destes produtos no Brasil, que são bastante caros”, disse.
Segundo o presidente, não existem garantias que os investimentos ocorrerão, mas destacou: “A maneira como estamos sendo bem tratados [aqui], fica bem claro que estes negócios brevemente se tornarão uma realidade”. Ele acrescentou que acordos e outras negociações levam tempo para se concretizar.
Defesa
Diversas companhias do setor de defesa integram a delegação empresarial que acompanha o presidente, e acordos nesta área podem ser assinados com os Emirados. Bolsonaro não entrou em detalhes, mas afirmou que negócios nesta seara são sempre citados nos países que visita. “Todos os países buscam negociação neste sentido, onde quer que eu vá esta questão sobre defesa é colocada na mesa. Quem trata deste assunto, em primeiro lugar, é o ministro [da Defesa] Fernando [Azevedo e Silva] e, obviamente, tem o meu aval no final”, declarou.
“Nós estamos nos aproximando cada vez mais de países que economicamente são capitalistas”, concluiu o presidente.
Na visita ao Wahat Al Karama, Bolsonaro estava acompanhado dos ministros das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, da Cidadania, Osmar Terra, e da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, do embaixador do Brasil em Abu Dhabi, Fernando Igreja, da embaixadora dos Emirados em Brasília, Hafsa Al Ulama, e outras autoridades. Ele foi recebido pelo diretor do Gabinete de Assuntos Relativos aos Mártires, Khalifa Bin Tahnoun Al Nahyan.
Bolsonaro fez uma oferenda floral em frente ao monumento, depois visitou uma instalação que representa os sete Emirados Árabes Unidos, rodeada por placas com os nomes dos mártires, e assinou o livro de visitantes.
Neste domingo, depois do seminário, o presidente vai se reunir com o príncipe-herdeiro de Abu Dhabi, Mohammed Bin Zayed Al Nahyan, e ministros dos Emirados. Ele terá também um encontro com o vice-presidente, primeiro-ministro e emir de Dubai, Mohammed Bin Rashid Al Maktoum. Bolsonaro ainda irá assistir a uma apresentação de jiu-jítsu e fará uma visita à Grande Mesquita Xeique Zayed.