Isaura Daniel, enviada especial*
Doha – Nos supermercados do Catar, as palavras frango e Brasil estão muito próximas. A carne de frango brasileira domina as prateleiras das grandes redes locais. Uma ida ao Carrefour de um dos principais shoppings centers da cidade de Doha, o City Center, comprova o fato. Lá estão as marcas Sadia, Doux Frangosul, Pena Branca, Perdigão e Seara. Até algumas outras marcas locais, como a Co-op Islami e Halal Frozen levam a inscrição Made in Brazil.
Um dos responsáveis pela seção de carnes do Carrefour do City Center afirma que o produto brasileiro responde por 90% do total oferecido. Além de frangos inteiros congelados, as marcas brasileiras também comercializam, no local, produtos de maior valor agregado como salsichas de frango, almôndegas, frango empanado, nuggets, hambúrgueres. Nesse caso, porém, a predominância é da Sadia. Um pacote de 1,5 kg de frango inteiro congelado da Sadia é vendido por US$ 2,75 no Carrefour do Catar.
"A carne é muito boa", diz Mohamed Assan, um dos moradores do Catar que costuma comprar no supermercado. Assan afirma que adquire a carne consciente de que o produto é brasileiro. O Carrefour do Catar também vende café de origem brasileira, mas embalado em outros países, como a marca Brésil Pur Arábica, do próprio supermercado, mas que vem da França. Também o Café Super Brasil, que é de origem nacional, mas embalado no Líbano.
A carne de frango é, na verdade, o principal produto exportado pelo Brasil para o Catar. No ano passado, o país vendeu para a nação árabe US$ 41 milhões, dos quais US$ 25 milhões corresponderam à carne de frango. Os outros principais produtos da pauta são minérios de ferro, carne bovina, peças de carros e máquinas e pneus.
A presença do calçado brasileiro também é visível no Catar. Na loja Shoe Mart, do City Center, ao lado de sapatos italianos e tailandeses estão as marcas brasileiras Ferracini, West Coast, Dumond, Azaléia, Piccadilly, além de outra menos conhecida chamada Depp. Dilip Biswararma, responsável pelo setor de calcados masculinos da loja, onde são vendidas as marcas Ferracini e West Coast, afirma que a maioria dos compradores dos calcados brasileiros faz a escolha em função do conforto.
Chineses
O responsável pela área de femininos, Ian Rodrigo, afirma que entre os consumidores do Catar há consenso de que os sapatos Made in Brazil são melhores do que os chineses. Os modelos de calçados femininos brasileiros vendidos no estabelecimento são similares aos comercializados no Brasil. Da Dumond, por exemplo, um dos calçados mais vendidos é um de cor laranja e bico fino. Rodrigo afirma que as mulheres árabes procuram sapatos coloridos para uso nas festas do final do Ramadã, o período religioso islâmico.
Nas lojas dos shoppings centers do Catar são poucos os produtos locais, o que mostra o potencial importador que o país tem. No Carrefour é possível ver roupas fabricadas nos Emirados Árabes Unidos, tapetes do Paquistão, calçados da Índia, da Inglaterra, açúcar de Hong Kong, café da Alemanha. O país importa grande parte do que consome já que não possui uma indústria diversificada. A grande renda do Catar vem da produção de gás natural e petróleo.
Brasil e Catar
O Brasil faturou, nos cinco primeiros meses deste ano US$ 18 milhões com as exportações para o país, um crescimento de cerca de 8% sobre o mesmo período de 2004, quando a receita ficou em US$ 16,5 milhões. No ano passado o crescimento sobre 2003 foi de 35%.
O Brasil também importa do Catar, mas em volume menor. No ano passado, as importações nacionais do país árabe ficaram em US$ 13,9 mil.
*A jornalista viajou a convite da Qatar News Agency