Alexandre Rocha
São Paulo – A Petrobras foi uma das empresas convidadas pela Marsh para expor suas experiências na Conferência de Companhias Nacionais de Petróleo, que vai ocorrer em Dubai, nos Emirados Árabes Unidos, entre os dias 26 e 28. Ela vai ser representada por seu gerente de seguros, Luiz Octávio Parente de Mello Júnior.
"Eu vou falar sobre nossa experiência no mercado de seguros, como temos lidado no mercado fechado de resseguros no Brasil e como temos feito as operações de seguros lá fora, onde o mercado é aberto. Temos as experiências de dois mundos com diferentes vantagens e desvantagens", disse Mello à ANBA.
A Petrobras já tem operações no exterior há mais de duas décadas, mas de alguns anos para cá ela passou a intensificar sua atuação lá fora e hoje está presente em 19 países, incluindo o Brasil. São eles: Angola, Bolívia, Colômbia, Estados Unidos, Nigéria, Venezuela, México, Equador, Peru, Uruguai, Paraguai, Tanzânia, Irã, Líbia, Guiné Equatorial, Turquia, China e mais recentemente o Paquistão.
Durante o processo de internacionalização, a companhia optou por criar em 1997 uma seguradora própria, a Bear, que tem sede nas Bermudas, que se tornou fornecedora cativa de seguros para seus negócios no exterior. "Para captar ganhos de escala para os prêmios compramos um pacote que inclui todas as nossas operações globais", disse Mello. Ou seja, quanto mais a empresa produz e mais ativos ela tem para cobrir, menores são os custos relativos dos seguros.
"Ao mesmo tempo isto funciona como um instrumento de gerenciamento de risco, você pode identificar qual o melhor seguro para diferentes regiões, cada uma com diferentes características e legislações", afirmou. A seguradora própria e exclusiva faz com que a Petrobras não tenha que buscar seguros no mercado para cada país em que for operar, diminuindo a necessidade de intermediários. "Quanto mais intermediários, maior vai ser meu custo", afirmou.
É um exemplo de desafio que uma empresa tem que enfrentar no processo de globalização. No caso, antes de decidir pelo modelo atual, a Petrobras consultou uma empresa de consultoria e chegou à conclusão de que a melhor opção era criar a Bear, que por fazer parte do grupo além de tudo está em linha com a política de gerenciamento de risco da estatal. "São experiências positivas que têm mostrado bons resultados", disse Mello
Resseguros
Outro exemplo é o dos resseguros, que são os seguros dos seguros. Este mercado no Brasil era monopólio do Instituto de Resseguros do Brasil (IRB), outras companhias só podiam atuar no setor com autorização do IRB. Mas em janeiro o Congresso Nacional aprovou uma lei que abre este mercado.
"Aqui no Brasil a gente não precisava procurar empresas de resseguros, nos preocupar com a solidez delas, fazer uma avaliação de risco, pois era monopólio do IRB. Lá fora nós tivemos que nos preocupar com isso, buscar empresas de resseguros especializadas", disse.
Ao contrário dos seguros, a solução encontrada para os resseguros foi pulverizar as operações. No caso da P-36, por exemplo, plataforma que naufragou em 2001, segundo Mello, haviam mais de 40 resseguradores, o que minimizou a possibilidade de calotes. "Se ocorre o sinistro, cada ressegurador fica com uma parcela do pagamento, você pulveriza o risco. Não dá para jogar todos os ovos na mesma cesta", afirmou. O valor da P-36 era de cerca de US$ 500 milhões.
Segundo Mello, no ano passado a Petrobras pagou U$S 34,5 milhões em prêmios para segurar todas as suas refinarias e plataformas no Brasil. A estatal é a maior companhia do Brasil e teve no ano passado o maior lucro entre as empresas da América latina, foram R$ 25,9 bilhões, 9% a mais do que em 2005.