São Paulo – O setor têxtil e de confecção paulista fechou o primeiro mês de 2009 com um déficit de US$ 47,2 milhões em sua balança comercial. Foram importados US$ 66,9 milhões em produtos têxteis contra US$ 19,8 milhões exportados. Apesar do câmbio favorável, os resultados de janeiro ainda não refletem, seguindo a lógica cambial, a redução nas importações e nem o aumento das exportações.
Para se ter uma ideia, a China – principal mercado de importações brasileiras, enviou ao país, no primeiro mês do ano, 48,6% a mais em produtos têxteis e confeccionados do que em relação ao mesmo período de 2008.
Segundo informações do Sinditêxtil-SP, o aumento nas importações, apesar da crise, é resultado dos contratos fechados há seis meses. Portanto, compras feitas antes da crise tiveram seus produtos embarcados em novembro e desembaraçados pela alfândega brasileira em janeiro. O sindicato acredita que esse crescimento deva sofrer redução nos próximos meses.
Já no caso da queda pela metade das exportações paulistas é explicado pela recessão dos Estados Unidos e pelas medidas protecionistas da Argentina, os dois principais destinos das exportações brasileiras de têxteis.
De acordo com Rafael Cervone, presidente do Sinditêxtil-SP, após a crise a China adotou uma estratégia de redução de preços como forma de manter as exportações. "O Brasil é um país foco para escoar essa imensa produção. Esperamos uma redução no valor das importações, mas podemos ter uma surpresa no volume nos próximos meses. Por sua vez, outros países estão adotando medidas de protecionismo para dificultar a entrada de produtos estrangeiros, como medidas preventivas ao escoamento chinês", disse Cervone. "Nossas exportações já têm sentido essa barreira. Temos licenças de importação paradas na Argentina há mais de 60 dias", acrescentou.
Os números
Em janeiro, as exportações paulistas de produtos têxteis e confeccionados apresentaram queda de 49,03% em termos de valor e 49,01% em volume, se comparado ao mesmo período do ano passado. As principais quedas afetaram fibras têxteis (- 54,28%), fios (-42,46%), filamentos (- 59,40%), tecidos (- 60,97%), linhas de costura (- 66,04%) e confecções (- 46,64%).
Já as importações, quando comparadas ao mês de janeiro de 2008, apresentaram queda de 11,36% em termos de valor e 29,76% em volume. Apesar de queda geral, alguns produtos importados tiveram crescimento, entre eles vestuário (+ 50,41%), e roupas de cama, mesa e banho (+ 16,08%).