São Paulo – As exportações do Brasil aos países árabes voltaram a ter forte crescimento em março deste ano. De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) compilados pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira, os embarques renderam US$ 807,35 milhões, um aumento de mais de 50% em comparação com março do ano passado e de 66,6% em relação a fevereiro de 2009.
O desempenho do mês anulou a queda registrada em janeiro e fevereiro, fez com que as vendas acumuladas no primeiro trimestre crescessem 4,1% sobre o mesmo período do ano passado e chegassem a US$ 1,84 bilhão. Em março as exportações totais do Brasil recuaram 6,37% em comparação com o mesmo mês de 2008. No acumulado do primeiro trimestre, elas caíram 19,4%.
“Nesses três primeiros meses já houve uma recuperação e um crescimento, o que nos dá mais ânimo”, comentou o presidente da Câmara Árabe, Salim Taufic Schahin. “Estou mais otimista hoje do que em janeiro”, acrescentou.
Desde que assumiu a presidência da entidade em janeiro, Schahin já viajou para Líbia, Tunísia, Marrocos, Argélia, Líbano, Catar e Egito e conversou com lideranças políticas e empresariais desses países. “A percepção é de que o mundo árabe não vai sofrer tanto com a crise como as economias centrais”, afirmou. “O que houve foram perdas de investimentos feitos [pelos árabes] nas nações desenvolvidas”, declarou.
Embora ressalte que é difícil fazer previsões sobre como os negócios vão se comportar até o final do ano, ele destacou que a crise tem dado sinais de arrefecimento. No caso do Brasil, por exemplo, o Índice da Bolsa de Valores de São Paulo (Ibovespa) voltou a crescer de forma relativamente constante, ultrapassando os 50 mil pontos ontem (04), maior nível desde setembro de 2008, e há menor flutuação no mercado de câmbio.
Na avaliação do presidente da Câmara Árabe, as exportações do Brasil ao mundo árabe deverão continuar a crescer. Ele acredita ser possível um aumento de dois dígitos até o final de 2009. No caso das importações o cenário é diferente, uma vez que o preço do petróleo está muito abaixo do que estava no ano passado e a produção nacional da Petrobras voltou a ser maior do que o consumo do país.
Salim destacou que durante o ano ainda vão ocorrer eventos que poderão dar mais impulso aos negócios com os árabes, como a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Arábia Saudita, na segunda quinzena de maio, e a vinda ao Brasil de uma missão da Câmara de Comércio e Indústria de Jeddah no final do mês.
Produtos
Em março houve principalmente crescimento das exportações de minério de ferro, açúcar, aviões, soja em grãos, óleo de soja, fumo, tratores, vergalhões, milho, gado vivo, farelo de soja e motores elétricos.
Em relação aos destinos, destaque para a Arábia Saudita, que importou o equivalente a US$ 170 milhões do Brasil, um aumento de 26% em comparação com março de 2008; Egito, com US$ 147,5 milhões, um crescimento de 119%; e Emirados Árabes Unidos, com US$ 111 milhões, um acréscimo de 41%. Houve crescimento acima da média nas vendas para o Líbano (213%), Marrocos (150%), Mauritânia (144%), Síria (53%), Líbia (92%) e Iraque (57%).
As importações brasileiras de produtos árabes, por sua vez, caíram de US$ 804 milhões em março de 2008 para US$ 233 milhões em março deste ano, e de US$ 2,17 bilhões no primeiro trimestre do passado para US$ 737 milhões no mesmo período de 2009, resultando em um saldo comercial favorável ao Brasil em US$ 574 milhões no mês e em US$ 1,1 bilhão no ano. Houve redução nas vendas de petróleo, combustíveis e fertilizantes.