São Paulo – A Khalifa Industrial Zone Abu Dhabi (Kizad), zona franca de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, vem crescendo como base internacional de empresas brasileiras. A Kizad oferece pacotes para instalação de companhias estrangeiras, que inclui serviços como ajuda no registro local e contatos para realização de negócios.
O empreendimento conseguiu atrair mais de 20 empresas brasileiras nos últimos dois anos e promove nesta semana missão ao Brasil em busca de novos interessados. Em seminário da missão na Câmara de Comércio Árabe Brasileira nesta terça-feira (08), o diretor comercial da Kizad, Khalid Al Marzooqi (foto acima), contou que no final de 2019 a Kizad tinha apenas uma companhia do Brasil instalada, a indústria de proteína animal BRF.
Na época, a Kizad começou a promover eventos no Brasil e Marzooqi ressaltou o apoio da Câmara Árabe e do Consulado Geral dos Emirados Árabes Unidos em São Paulo para chegar ao setor privado brasileiro. Segundo entrevista do executivo à ANBA, as empresas do Brasil presentes na Kizad são de setores como alimentos, construção e logística.
Ele disse que essas companhias cresceram e estão se expandindo no mercado da região desde que se instalaram na Kizad. Marzooqi acredita que a maior vantagem da instalação, para os brasileiros, foi a facilidade para conexão e acesso ao mercado regional já que o Brasil fica distante dos Emirados Árabes Unidos. A Kizad se caracteriza como um grande centro de manufatura, comércio e logística e funciona como hub para negócios de empresas internacionais em todo o Oriente Médio e Norte da África (Mena).
O seminário na Câmara Árabe reuniu empresários brasileiros e foi o ponto central da agenda da delegação no Brasil, que inclui outras atividades, principalmente de B2B, nos estados de São Paulo e Minas Gerais até a próxima sexta-feira (11). No evento na capital paulista, Marzooqi deu um panorama de tudo o que os Emirados Árabes Unidos, Abu Dhabi e a Kizad oferecem de facilidades para empresas.
Entre os benefícios da Kizad como zona franca estão a possibilidade de os estrangeiros terem 100% da propriedade do negócio, a ausência de imposto de renda corporativo, de taxas aduaneiras na importação e exportação para empresas produtoras e de restrição de repatriação de capital e lucros, entre outras várias vantagens.
Em sua apresentação na Câmara Árabe, Marzooqi disse que há programas de apoio para empresas de todos os perfis, pequenas, médias e grandes, que cada caso é estudado separadamente e que as companhias podem escolher os benefícios mais adequados para o seu tipo de negócio.
A Kizad possui clusters industriais voltados a vários segmentos. Um deles é especializado em alimentos, setor no qual o Brasil é importante fornecedor mundial. “Há instalações personalizadas para a produção e armazenamento de alimentos”, disse o diretor comercial.
A Kizad conta com 550 quilômetros quadrados de área e 1.500 empresas instaladas. Ela tem fácil acesso a portos, incluindo terminais para diferentes perfis de cargas, e aeroportos. A zona franca possui uma rede de parceiros que pode levar mercadorias a outros países da região. As possibilidades de conexão via Kizad para as empresas instaladas vão desde o fornecimento de matérias-primas até os clientes finais.
“Nós conseguimos customizar as instalações, se precisar de uma pequena mesa, um escritório, uma fábrica, uma câmara refrigerada, nós já temos tudo isso na estrutura da nossa zona, e se não tivermos, construímos para vocês. Mas posso garantir que a maioria disso já está pronto para vocês, independentemente do tamanho dos seus negócios”, disse Marzooqi.
O representante do Mercado do Brasil na Kizad, o brasileiro Eduardo Nicolas Kezh, aconselhou os presentes a olharem para o potencial de negócios que há nos Emirados. “Eu gostaria de ver mais empresas do Brasil nos Emirados. O momento é propício, ousem, criem o seu CNPJ nos Emirados”, ressaltando que terão apoio do governo e dos emiratis.
Brasil e Emirados, parceiros
O seminário foi aberto pelo presidente da Câmara Árabe, Osmar Chohfi, que destacou o perfil dos Emirados Árabes Unidos como um hub de conexão com todo o mundo árabe. Ele também falou do papel que a Kizad desempenha no processo de recebimento e despacho de mercadorias, a base da balança comercial brasileira com os árabes.
Chohfi apresentou os números expressivos de comércio que o Brasil teve com os países árabes no ano passado, com exportações de US$ 14,5 bilhões e crescimento de 26% sobre o ano anterior, e importações de quase US$ 10 bilhões, um avanço de 83% em relação a 2020.
O cônsul dos Emirados Árabes Unidos em São Paulo, Ibrahim Salem Alalawi, e o secretário-geral da Câmara Árabe, Tamer Mansour, falaram aos presentes sobre a força econômica dos Emirados. Mansour disse que o país árabe foi um exemplo para o mundo no enfrentamento da pandemia de covid-19, tanto pela vacinação como pela recuperação econômica e a maneira como sediou a Expo 2020 Dubai.
Alalawi disse que o seu país tem desenvolvido uma economia sustentável baseada em setores não-petrolíferos e que os Emirados estão olhando para o futuro. Ele citou entre os últimos acontecimentos neste sentido a realização da Expo 2020 Dubai e a inauguração do Museu do Futuro. “Nós não estamos apenas esperando o futuro, mas o estamos desenhando com nossas mãos”, disse o cônsul, ressaltando que isso é estratégia do governo.
O diplomata contou sobre o acordo de livre-comércio assinado recentemente pelos Emirados Árabes Unidos e a Índia e disse que se trata de um exemplo da relação aberta e sustentável dos Emirados com os parceiros mundiais. Alalawi afirmou que Brasil e Emirados Árabes Unidos têm relações econômicas e políticas muito fortes e que isso tem ajudado empresas e entidades a abrirem bases nos dois países. A Câmara Árabe é uma das instituições brasileiras que possui escritório em Dubai, nos Emirados.