São Paulo – A Câmara de Comércio Árabe Brasileira apresentou à Liga dos Estados Árabes, nesta segunda-feira (25), no Cairo, o projeto de um sistema online de certificação de origem e legalização de documentos de exportação que promete reduzir os custos e os prazos destes serviços. A Câmara é a única entidade no Brasil autorizada pela Liga a fazer certificação de origem e de documentos nas exportações ao mundo árabe. Já a legalização é feita pelas embaixadas e consulados dos países da região.
A proposta foi apresentada pelo diretor-geral da Câmara, Michel Alaby, e pelo gerente de Relações Governamentais da instituição, Tamer Mansour, ao secretário-geral adjunto para Assuntos Econômicos da Liga, Mohammed Al-Tuwaijri, e ao responsável pela área de informática da organização multilateral, Ramy Abdallah.
Segundo relato de Alaby, Tuwaijri concordou que a tecnologia reduz tempo, custos e burocracia, e perguntou se o sistema é exclusivo da Câmara Árabe Brasileira, ou se pode ser aplicado em outras câmaras árabes de comércio. “Um dos pontos considerados de suma importância para a Liga é ter a possibilidade de acessar eletronicamente e obter os relatórios de exportações e importações por país”, declarou Alaby.
De acordo com o diretor-geral da Câmara, os relatórios poderão não só ser consultados pela Liga, mas também pelas alfândegas dos países árabes para o controle de preços e volumes importados. Uma nova reunião sobre a instalação do sistema será realizada ainda esta semana.
Alaby e Mansour agora vão se juntar a uma delegação brasileira chefiada pelo ministro da Agricultura, Neri Geller, que estava no Irã e chega nesta terça-feira (26) ao Cairo.
Irã suspende embargo
Segundo informações da Agência Brasil, a passagem do grupo pelo país persa foi bem sucedida, pois o Irã suspendeu o embargo sobre a carne bovina de Mato Grosso. Geller e seu colega iraniano, Mahmoud Hojjati, se reuniram no domingo.
No Egito, Geller terá reunião com o ministro da Agricultura Adel El-Beltagy, na quinta-feira (28), para tratar do mesmo tema. O governo egípcio também embargou as importações de carnes do estado.
Os dois países suspenderam as compras após a identificação este ano do agente causador da encefalopatia espongiforme bovina – o mal da vaca louca – num animal do rebanho de Mato Grosso.
O caso foi considerado “atípico”, pois, segundo o Ministério da Agricultura, ocorreu em função da idade avançada da vaca e não por intoxicação. O status do Brasil segue como de risco insignificante para a doença, segundo avaliação da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE).
Em entrevista à ANBA na semana passada, o secretário de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura do Brasil, Marcelo Junqueira, disse que a delegação pretendia mostrar aos governos dos dois países que “o status sanitário do Brasil é compatível com os melhores do mundo” e que a maioria dos mercados que suspenderam as importações após o anúncio do caso já voltaram a comprar. “Nossa expectativa é voltar [ao Brasil] com estes temas solucionados”, destacou. Na primeira etapa da viagem, o objetivo foi cumprido.