Débora Rubin
debora.rubin@anba.com.br
São Paulo – Há três dias na cidade, para ver a São Paulo Fashion Week (SPFW), a libanesa Malak Beydoun, diretora criativa da Aïshti, loja de luxo do Líbano, não cansa de bater perna atrás de nomes, marcas e novidades para levar para seu país. Malak faz parte do grupo de 15 compradores convidados pela Associação Brasileira de Estilistas (Abest) para participar do evento. Entre um desfile e outro – para conhecer melhor as grifes brasileiras – Malak se desdobra para ir também a lojas e showrooms.
Entre quarta e quinta-feira, a libanesa assistiu a desfiles de Alexandre Hercovitch, Tereza Santos, Zoomp, Maria Bonita, e também bateu perna pela Oscar Freire e imediações, onde visitou lojas como a Fórum e a Fit. Malak está de olho em todo o tipo de moda, feminina, masculina e jovem. Isso porque a Aïshti faz parte de um grupo maior, o Tony Salamé Group, que tem ainda a loja Aïzone, voltada para um público mais jovem. Na Aïshti, é possível encontrar as grandes marcas mundiais como Gucci, Marc Jacobs, Diesel, Dolce & Gabbana, entre outras.
Na manhã de sexta-feira (18), a ANBA acompanhou a peregrinação da libanesa pela cidade. Malak havia reservado a manhã de sexta para conhecer algumas grifes de moda praia, que também faz sucesso entre o público da Aïshti. “Não biquínis minúsculos, claro. Mas o Líbano não é um país dos mais conservadores, então há espaço para esse tipo de moda também”, explica.
A manhã foi meio frustrada. Malak havia solicitado um encontro com representantes da Rosa Chá logo cedo. Eles não compareceram. Depois tentou ir ao showroom da Poko Pano, mas indignada com as longas e cansativas distâncias de São Paulo, desistiu. No meio do caminho ainda enfrentou uma batida policial, completamente despropositada, com direito a policiais empunhando armas e tudo. Ao que tudo indica, eles suspeitaram de um carro de luxo vagando perdido pela zona sul da cidade…
Por fim, quando a manhã parecia não ter rendido nada, Malak foi ao Hotel Fasano para ver o showroom de Adriana Degreas, grife de maiôs, biquínis, saídas de banho e outras roupas de moda praia que foi criada em 2001. Até agora, Malak não fechou nenhum grande negócio, mas está tomando nota de tudo e se munindo de catálogos para decidir o que importar quando voltar ao Líbano. “Levo e mostro tudo para o Salamé e ele decide o que comprar”, diz, referindo-se ao dono da loja. Do Fasano, Malak seguiu para a SPFW para acompanhar o desfile de Reinaldo Lourenço, o primeiro de sexta-feira.
O luxo e o Líbano
Segundo a diretora da Aïshti, o mercado de luxo cresce vertiginosamente no Líbano. “A verdade é que o mercado de luxo está crescendo no mundo todo. Se tornando cada vez mais um estilo de vida”, explica. “Mas no Líbano isso é ainda mais forte porque as pessoas se olham muito, se observam, vêem o que o outro está usando. Um vestido, um sapato, nunca podem ser iguais numa festa. Uma festa de casamento, por exemplo, é tão importante para as convidadas quanto para a noiva. Então é um público que está sempre comprando coisas novas”, conta Malak.
A diretora conta também que os homens, aos poucos, também estão se aproximando cada vez mais desse mercado. “Eles estão cada vez mais conscientes da moda, já não acham mais que é coisa para homossexual. Porque o libanês tem essa característica meio de ‘machão’”, acredita ela.
Spa, restaurante e hotel
O Tony Salamé Group existe desde 1989 e tem lojas não só no Líbano mas também em países vizinhos como a Síria, Emirados Árabes Unidos e Jordânia. Entre 2008 e 2009, o grupo pretende abrir novas lojas nesses mesmos países e também no Catar, Kuwait e Bahrein. O grupo também tem um Spa urbano em Beirute, um café e um restaurante.
Entre os planos futuros, há um projeto de um hotel e um condomínio de luxo, ambos em Beirute. “A cidade está vivendo um momento de boom imobiliário. Prédios enormes, com apartamentos enormes, não param de ser construídos”, diz ela.
Esta é a primeira vez de Malak no Brasil. A libanesa diz ter adorado a cidade de São Paulo. E ficou impressionada com a quantidade de libaneses que vivem no Brasil. “São cinco milhões de pessoas né?”. E ficou impressionada também com a quantidade de sobrenomes árabes entre os estilistas da São Paulo Fashion Week.
Saiba mais:
www.aishti.com