São Paulo – O presidente do Conselho Consultivo do World Trade Center (WTC) de São Paulo, Ozires Silva, disse ontem (30) que o mundo está vivendo a “era da comunicabilidade”, onde mobilidade, informação e comunicação proporcionam oportunidades de negócios globais. “O mercado externo não é uma opção, mas uma estratégia empresarial. Para participarmos desse comércio é necessário que nos movamos. É preciso planejar viagens como essa aos os Emirados para trazer resultados. O desafio que temos pela frente é sair da casca, viver fora das fronteiras”, afirmou Silva aos empresários que participaram do seminário “Oportunidades de Negócios nos Emirados Árabes”, realizado na capital paulista.
O seminário serviu para divulgar uma missão empresarial a Dubai, entre os dias 07 e 10 de novembro, para participar da Assembléia Geral da Associação de WTCs no emirado. “O WTC é a maior organização privada do mundo. Estamos em mais de 330 cidades do mundo, em mais de 90 países. Temos que ir com as antenas ligadas para não perdermos nenhuma oportunidade. A ida ao Oriente Médio não vai garantir apenas negócios com a região, mas com o mercado global. Vai ter gente do mundo inteiro”, destacou. Silva já foi presidente da Embraer e da Petrobras, além de ministro da Infra-Estrutura.
Este ano o encontro terá como tema “As mulheres como líderes dos negócios internacionais”. O WTC paulista espera levar cerca de 40 executivos brasileiros de diversos setores para os Emirados. Entre eles estará a empresária Cristina Novaes, presidente da Conceito Brazil, agência de promoção internacional que representa o WTC de Miami no Brasil e já desenvolve projetos em Dubai. “Tudo começou em 2007, após uma viagem aos Emirados. Quem só ficou olhando para Europa e Estados Unidos agora está com problemas. Nós vimos a oportunidade e fomos atrás”, garante a empresária, que tem tudo a ver com o tema do encontro. Das 22 pessoas que trabalham no seu escritório, 17 são mulheres.
O secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Michel Alaby, foi o palestrante mais requisitado do encontro. Alaby falou sobre os aspectos legais, fiscais, políticos e tributários dos Emirados Árabes. “Não existe risco político e comercial. Os impostos sobre importação chegam a 5%, com algumas exceções. A repatriação de lucros é livre e na zona franca [a empresa] pode ter 100% de capital estrangeiro. Fora de lá é preciso ter um sócio local, dono de 51% do negócio”, explicou.
Alaby citou os principais produtos exportados pelo Brasil aos Emirados. Na lista estão carne de frango, vergalhões, aviões, carne bovina, máquinas e equipamentos, açúcar, chapas e tiras de alumínio, autopeças e ovos. De janeiro a agosto de 2008, os embarques brasileiros para o emirado renderam US$ 816 milhões, um crescimento de 7,15% em relação ao mesmo período do ano passado.
Já as importações brasileiras dos Emirados, nos oito primeiros meses do ano, somaram US$ 374 milhões, um crescimento de 83,41% sobre o mesmo período do ano passado. Os principais produtos importados foram querosene de aviação, minérios aglomerados, roupas e outras confecções, itens de polietileno e resíduos de alumínio.
Na opinião de Alaby confiança é tudo numa negociação com empresários árabes.“Os árabes privilegiam a confiança e a amizade. Usam mais a emoção do que a razão na hora de negociar”, disse. Quando questionado sobre como as mulheres devem se comportar numa negociação com os empresários árabes, Alaby garantiu que tudo deve ocorrer com normalidade e profissionalismo. “Não há nenhum problema em negociar com elas. Bem pelo contrário, elas são mais objetivas e dizem: ‘Sim ou não’. Os homens é que costumam falar: ‘Talvez, vamos ver melhor amanhã’”, exemplificou o secretário.
“Uma mulher acostumada ao mundo dos negócios, sabe se portar, negociar. No caso do mercado árabe ela precisa apresentar o produto, ressaltando as qualidades superiores, aos chineses, por exemplo”, disse. Alaby citou ainda características culturais que interferem nas boas práticas, como cumprimentos formais, confianças, negociação olho-no-olho, troca de produto, discussão de preço e respeito à palavra são fundamentais.
O diretor da Emirates Airline no Brasil, Ralf Aasmann, destacou que Dubai é apenas um dos sete emirados onde vivem 4 milhões de pessoas. Segundo ele, a paisagem da cidade está sempre mudando enquanto megaprojetos viram hotéis, ilhas artificiais, shoppings, aeroportos e pistas de esqui no deserto. “Hoje 20% das gruas do mundo estão em Dubai, onde tudo é megalomaníaco”, destaca.
Dubai recebeu 17 milhões de turistas em 2007. O vôo direto ligando São Paulo a Dubai completa um ano hoje, 01 de outubro. “Dubai ainda está em construção. Deve estar pronto apenas em 2020. E vai surpreender cada vez mais”, diz Aasmann.
Gilberto Lima Júnior, da Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex), também falou da importância de conhecer novos mercados de perto. “Não adianta imaginar a dinâmica do mercado internacional sem vivê-la. A Apex tem uma ação focada nos Emirados, em parceria com a Câmara Árabe, que é um centro de negócios, hoje mais focado na geração de oportunidades”, disse. “As oportunidades existem. O que tem que crescer é a ousadia para participar. Requer entender o mercado a partir do mercado, e não à distância. As empresas precisam ver com os próprios olhos. Missões como essas proporcionam a real percepção de oportunidades”, completou.
ADVB em Dubai
Conforme a ANBA já havia noticiado em abril desse ano, em breve a Associação de Dirigentes de Venda e Marketing do Brasil (ADVB) terá um escritório em Dubai. De acordo com Agostinho Turbian, presidente da Federação Nacional das ADVBs, que congrega as entidades do ramo, a intenção é inaugurar uma base no país árabe até 2009.As ADVBs são organizações de relacionamento empresarial que atuam fomentando as boas estratégias de vendas e marketing entre as empresas. Já existem três ADVBs no exterior: no Japão, EUA e Portugal.
E mais uma prova do quanto é pertinente o tema desse ano da Assembléia Geral da Associação de WTCs, é que uma mulher, Ângela Baldino, será a coordenadora da implantação do escritório da ADVB em Dubai.“Acho que a ampliação da participação das mulheres na área de negócios é uma tendência mundial”, diz. “A escolha do tema para o encontro em Dubai é instigante. Mas se essa transformação ocorre em diversas partes do mundo, não seria diferente no mundo árabe”, avalia.