São Paulo – Representantes do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) buscam apoio do setor privado para oferecer assistência aos refugiados e deslocados. No Brasil, o desafio é ajudar as pessoas que se mudaram ao País a se inserir no mercado de trabalho, disseram integrantes do Acnur em encontro realizado na quarta-feira (29) com o secretário-geral e vice-presidente de Relações Internacionais da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, Mohamad Mourad, na sede da instituição, em São Paulo.
Oficial Sênior de Parcerias e Filantropia do Acnur em Washington, nos Estados Unidos, Mohammed Abu Asaker afirmou que o Acnur tem o compromisso de buscar soluções duráveis aos refugiados sendo a primeira delas o retorno ao seu lar. “Se essa solução não é possível, tentamos uma integração positiva e efetiva com as comunidades em que estão”, disse.
Ele lembrou que dois grandes desafios para que os refugiados se estabeleçam em um país são a fronteira linguística e a obtenção de emprego. Ao mesmo tempo, Asaker e Mourad falaram sobre campanhas de apoio a refugiados e deslocados.
“Entramos em contato com a Câmara de Comércio Árabe Brasileira porque compartilhamos os mesmos valores e princípios. Por causa da sua influência e importância dentro da comunidade e da importância estratégica do Acnur na sociedade poderemos ter no setor privado um importante ator para responder às situações humanitárias e dos refugiados”, disse ele à ANBA.
Mourad lembrou que a Câmara Árabe incentivou a comunidade árabe para obter ajuda ao Líbano, em 2020, em decorrência da explosão no porto de Beirute. O mesmo ocorreu durante a pandemia. Ele também disse que pode ajudar o Acnur a se reunir com outras instituições de apoio a países árabes. Segundo Asaker há, hoje, 140 milhões de refugiados e deslocados no mundo. A instituição não tem mandato para atender aos refugiados e deslocados da Palestina, que são assistidos por outra agência das Nações Unidas: a Unrwa.
Acnur no Brasil
O representante do Acnur no Brasil, Davide Torzilli, afirmou que o País recebe entre 300 e 500 venezuelanos por dia, devido ao fluxo de cidadãos do país vizinho a cidades do Norte brasileiro. Além disso, citou os desafios para administrar conflitos no Haiti, famintos no Iêmen, crise no Sudão e recuperação da Síria, sem esquecer que o Brasil por si só tem desafios para administrar o fluxo de refugiados que recebe.
“É importante ter o Brasil como foco e está é uma das razões pelas quais o Acnur viu neste encontro com a Câmara Árabe uma forma de buscar uma parceria, para apoiar os refugiados a se integrar na sociedade brasileira. E a melhor forma de integrar é trabalhar em oportunidades de emprego”, afirmou.
Participaram do encontro a diretora de Parcerias com o Setor Privado do Acnur, Samantha Federici; a coordenadora de Parcerias e Filantropia do Acnur Brasil, Marília Cintra Correa, a diretora da Câmara Árabe, Claudia Yazigi, e a analista sênior de Relações Internacionais da Câmara Árabe, Elaine Prates.
Leia também:
Acnur pede apoio estrangeiro a refugiados da Síria