São Paulo – Os investimentos recíprocos foram um dos principais temas discutidos pelo chanceler brasileiro, Celso Amorim, com representantes do primeiro escalão do governo da Tunísia, nesta quarta-feira (02), em Túnis. A Vale participa de uma concorrência para explorar fosfato no país árabe e, se for vitoriosa, a mineradora brasileira deverá realizar investimentos importantes. Ao mesmo tempo, o grupo tunisiano Elloumi prepara-se para abrir uma fábrica de cabos elétricos para veículos (chicotes) no Paraná.
De acordo com informações do Itamaraty, Amorim tratou da questão do fosfato com o primeiro-ministro, Mohammed Ghannouchi. O insumo é utilizado na produção de fertilizantes utilizados em larga escala na agricultura brasileira, e o Brasil tem grande dependência das importações, sendo que a Tunísia é um de seus principais fornecedores.
Em janeiro, durante missão comercial ao Norte da África, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, anunciou a intenção da Vale em participar da licitação para exploração e produção de fosfato na Tunísia. Conforme a ANBA noticiou na época, Jorge disse que se trata de uma das maiores minas do produto no mundo e o projeto tem valores estimados entre US$ 2 bilhões e US$ 2,5 bilhões.
Sobre o investimento do grupo Elloumi no Brasil, Amorim conversou com o ministro dos Assuntos Estrangeiros, Abdelwahab Abdallah. A ANBA revelou já em 2004 que a empresa buscava parceiros para abrir uma fábrica no país. No início deste ano, executivos da companhia anunciaram a escolha de Curitiba, no Paraná, para instalação da planta.
Segundo o Itamaraty, Amorim e Abdallah falaram também sobre a situação atual do Oriente Médio e da Cúpula América do Sul-África, que vai ocorrer na Venezuela no final deste mês. O ministro tunisiano deverá visitar o Brasil novamente este ano. Ele já esteve no país no início de 2006.
O chanceler brasileiro esteve também com o ministro da Defesa, Kamel Morjane, e, de acordo com o Itamaraty, conversou sobre cooperação entre os dois países na área e da intenção do Brasil de vender aviões à Tunísia.
Amorim se encontrou ainda com o presidente do Banco Africano de Desenvolvimento (BAD), Donald Kaberuka, com que discutiu o aprofundamento das relações do Brasil com a África, as dificuldades para obtenção de crédito para projetos no continente, segundo o Itamaraty e a realização de programas conjuntos. O Brasil é sócio minoritário do BAD.
Após as reuniões, o chanceler deu uma entrevista coletiva na embaixada brasileira e, ontem mesmo, seguiu para a Índia, onde participa hoje e amanhã de reunião ministerial para tratar da retomada da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC).