São Paulo – As cidades inteligentes, ou smart cities no termo em inglês, são destaque do investimento árabe em tecnologia. E para Tamer Mansour, secretário-geral da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, esses megaprojetos também são exemplos de investimento dos países árabes em sustentabilidade. “A maioria das pessoas só pensam em Dubai, mas nós temos diversos projetos de smart cities com objetivos claros de criar mais governança, mobilidade, melhoria da qualidade da vida, além de desenvolvimento e diversificação econômica e sustentável”, pontuou Mansour.
Mansour falou durante o painel ‘Transformação Digital e Sustentabilidade’, que ocorreu nesta quinta-feira (27) dentro do Seminário PetroTIC. O evento abrange o setor de Tecnologia da Informação e Comunicação, além do setor produtivo de Óleo, Gás & Energia. Este ano as discussões giraram em torno da transformação digital da energia.
Enquanto grandes produtores de petróleo, Tamer Mansour lembrou o trabalho de nações árabes para se tornarem menos dependentes da exploração do combustível fóssil. “A diversificação da economia começa a apresentar sinais através de novas fontes de energia. No Egito, eles têm experiência em biomassa. Algumas usinas nos países do Golfo também estão crescendo. Ainda em Dubai, há projetos para processar 60% dos resíduos orgânicos gerados lá, suficiente para gerar energia para abastecer 120 mil lares”, concluiu ele.
Outro ponto é que com as mudanças tecnológicas, aceleradas pelo próprio cenário da crise da covid-19, as nações que já investiam em inovações utilizaram-se desse conhecimento. “Na pandemia, as smart cities saíram na frente com suas inteligências artificiais. Na região de Dubai, por exemplo, eles começaram a rastrear, no momento crítico da pandemia, onde havia aglomerações para tentar eliminá-las. E justamente essas cidades conseguiram ter retomadas econômicas mais rápidas no mundo. Não é à toa que os Emirados Árabes conseguiram retomar a economia em tempo recorde”, frisou Mansour.
Entre os exemplos de cidades inteligentes em solo árabe, Mansour citou Neon City, na Arábia Saudita, e Lusail City, no Catar. Outros projetos destacados pelo executivo estão em nações árabes no Norte da África. “O Marrocos está cada dia inovando em energia solar, criando a maior usina solar do mundo. Por exemplo, Marrocos e Tunísia têm projeto de 42% de sua energia vir de fontes renováveis. Já a nova capital do Egito, que é administrativa, é também 100% sustentável”.
O tema da transformação digital também foi discutido por Gabriel Serrão, gerente de Transformação Digital de Reservatórios e Elevação e Escoamento da Petrobras e diretor de Transformação Digital na Sociedade de Engenheiros de Petróleo (SPE) Seção Brasil. O palestrante lembrou que “a transformação digital não é um fim, é um meio para superar os desafios”.
Serrão afirmou a importância de usar tecnologia para evitar desperdício e tornar o uso de energia mais eficiente. Outra ação que o gerente vê como necessária é a utilização de métricas para aplicar a governança ambiental, social e corporativa (ESG, da sigla em inglês). “Nós vemos a criação de índices para medir ESG. Os millennials estão ficando cada vez mais preocupados com isso e os grandes fundos também. Na indústria de petróleo, as empresas estão se organizando para isso”, afirmou ele.
O painel foi mediado pela presidente da Assespro-RJ e CEO da Lab245, Maria Luiza Reis, e encerrou o seminário. Também participou da discussão final Manoel Segadas, CEO da CONINT e diretor da Assespro-RJ, entidade que organizou o seminário.