São Paulo – As empresas árabes já se deram conta do tamanho do mercado de alimentos do Brasil e estão buscando espaço para seus produtos nele. Marcas de cinco países árabes expõem na feira Apas Show, promovida pela Associação Paulista de Supermercados (Apas), que começou nesta terça-feira (02) no Expo Center Norte, na capital paulista. Elas integram um espaço organizado pela Câmara de Comércio Árabe Brasileira.
Entre as expositoras há quem começou a vender há pouco para o Brasil, há quem chegou a vender no passado e quer retomar a exportação e há também quem participa da mostra para buscar ou entender melhor o mercado local. “Há empresas que trouxeram produtos, mas há principalmente empresas com a intenção de conhecer o mercado”, afirma o presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun, após contato com algumas delas.
O presidente da Câmara Árabe vê esse movimento como muito positivo pois significa que essas empresas estão olhando para o futuro. Hannun lembra que o Brasil tem um mercado de alimentos extremamente importante e que apesar de ser produtor na área, há mercadorias feitas no mundo árabe e trazidas para a feira da Apas que não são fabricadas no Brasil.
Essa é exatamente a aposta de algumas empresas. Os Emirados Árabes Unidos são um dos países que estão na feira, com a organização da Dubai Export, órgão de promoção das exportações de Dubai e Emirados. “São produtos únicos”, afirmou o gerente de Desenvolvimento de Exportações da Dubai Export no Brasil, Bruno Bassi, sobre as tâmaras que estão sendo apresentadas, em função da qualidade, tamanho e maciez dos produtos, características típicas das produzidas no Golfo.
A Dubai Export trouxe para a feira tâmaras e chocotâmaras, nozes e castanhas, leite de camela e seus produtos como sorvete, chocolate e sabonetes, snacks, azeite de oliva, pistache, embalagens, creme de leite em pó, entre outros. Há, por exemplo, itens exóticos como queijos recheados com pistache, com chocolate e com outras delícias. Bassi afirma que o preço dos produtos é competitivo, principalmente em função das vantagens de logística dos Emirados.
O gerente de Desenvolvimento de Mercado Internacional, Mohammed Younis Jamal AlSayed, lembra que é a segunda vez que a Dubai Export participa da Apas e que espera ainda mais sucesso este ano. São 25 empresas representadas pelo órgão na Apas, e dois produtos já são vendidos no mercado brasileiro: chocotâmaras e biscoitos doces.
O Qatar Development Bank (QDB), do Catar, também está presente no espaço organizado pela Câmara Árabe na Apas. A área de incentivo às exportações do banco de fomento veio conhecer mais de perto o mercado brasileiro para saber quais empresas e produtos pode apresentar em uma missão que vai realizar no terceiro trimestre deste ano no Brasil. Ayedh Hassan Al Qahtani, gerente de promoção de exportação do QDB, afirma que percebeu o tamanho do mercado em função da quantidade de países e empresas que estão na feira.
O Catar é conhecido mundialmente pela produção de gás e petróleo, mas o país produz outros artigos, inclusive alimentos. As exportações de produtos não-petrolíferos foram de US$ 500 milhões em 2011 e passaram a US$ 2,4 bilhões em 2016, segundo Qahtani. São produtos como plásticos, alimentos, produtos elétricos, químicos, farmacêuticos, itens de alumínio, etc.
O Marrocos participa com uma grande quantidade de empresas da Apas. A Sicopa apresenta itens como azeitonas, alcaparras, pimentas e verduras assadas. Expõem cuscuz as marcas Tria, Dari, Dalia e Itkane. Também há azeite de oliva da Kalea, marca da empresa Lesieur Cristal, e há azeite de oliva, tomate concentrado, pimenta e marmeladas da Aicha. “É um mercado importante, o Marrocos tem uma boa imagem no Brasil e os produtos que trouxemos têm muito apelo”, afirmou Mehdi Larhrib, diretor do Estabelecimento Autônomo de Controle e Coordenação das Exportações (EACCE) do Marrocos, que organiza a participação do país. Ele afirma que os produtos trazidos para a feira são os exportados pelo Marrocos e são de alta qualidade.
Do Egito, a empresa Special FoodsIndustry International (Sfii) participa da feira para reforçar as vendas que recém começaram ao mercado brasileiro. A egípcia comercializa azeitonas e conservas de azeitonas, de “mix” de legumes, de pimentas e de cebolas, entre outros. Ela começou a trabalhar com uma representante no Brasil, a RTrade, e iniciou as vendas no mercado brasileiro no começo deste ano. Os produtos são vendidos a granel para o mercado de “food service”, explica a gerente de Marketing das Special Foods, Dina Shehata, ao lado da assistente de comércio exterior da RTrade, Rafaela Pimentel. A Special Foods apenas exporta.
A empresa egípcia Egyptian Establishment for International Trading mostra seus produtos ao mercado brasileiro pela primeira vez na Apas. O diretor da companhia, Sameh Zaki, teve contato com as lideranças da Câmara Árabe no começo deste ano, no seu país, foi informado a respeito do tamanho do mercado da América Latina e resolveu aproveitar a oportunidade de participar da feira. A empresa quer vender ao Brasil especiarias, ervas, temperos e tâmaras. Ela chegou a exportar ao Brasil há alguns anos, mas por meio de uma trading dos Estados Unidos.
Da Tunísia, a Midcom International veio para a Apas para fazer nova tentativa de vender no mercado brasileiro. A empresa fabrica produtos como cuscuz, tâmaras, azeite, pasta de pimenta, molhos e pimenta. O gerente comercial para a América do Sul, Kamel Fhoula, conta que já chegou a exportar para o Brasil cuscuz e tâmaras. A empresa participa pela terceira vez da Apas. “Ainda acreditamos neste mercado”, afirma, complementando que, como investiu bastante para tal, quer vender ao Brasil.
A marca de azeite de oliva Baya, também tunisiana, mostra seus produtos pela primeira vez no Brasil por meio da Apas. Ela exporta para vários países, como Canadá e mercado árabe, mas ainda não vende aos brasileiros. A gerente de vendas e marketing da empresa, Marwa Maazoun, conta que a empresa produz azeites em diferentes tipos de garrafas, desde plástica até metálica e em vidro. Maazaoun afirma que sabe que há um trabalho a ser feito, além de vender os produtos, que é apresentar o azeite de oliva da Tunísia ao mercado brasileiro, pois sua fama não é conhecida localmente.